Distribuição

Energisa cobra implementação de novas regras para investimentos em concessões

Companhia questiona prazos para Aneel implementar inovações dos novos contratos, como reconhecimento de investimentos intraciclo.

Prédio da Energisa à noite / Crédito: divulgação Energisa
Distribuidora entende que a minuta dá direito ao reconhecimento dos investimentos a cada reajuste tarifário, mas deixa incerto quando isso vai acontecer

As inovações dos novos contratos de concessão das distribuidoras em relação aos investimentos feitos pelas empresas, como reconhecimento intraciclo (a cada reajuste tarifário) e com tratamento diferenciado em áreas com severas restrições operativas, devem ser implementadas “o quanto antes”, segundo a Energisa.

O termo aditivo aos contratos de concessão que vencem já a partir deste ano e que podem ser prorrogados foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 25 de fevereiro. As novas regras contemplam desenvolvimento de plano diferenciado para o tratamento das perdas não técnicas nas áreas de restrição operativa, e dizem que os custos de capital e de operação “poderão” ser considerados nos processos de reajuste tarifário, conforme regulação a ser definida pela agência reguladora.

“Do jeito que saiu da Aneel está reconhecido, mas não tem nenhum compromisso de quando isso vai acontecer”, disse o diretor de Assuntos Regulatórios e Estratégia da companhia, Fernando Maia, durante teleconferência para comentar os resultados de 2024 da companhia. Segundo ele, a Energisa solicitou, por meio da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), um posicionamento do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre quanto tais inovações devem começar a valer.

Ele também adiantou que a empresa trabalhará no plano da regulação para que o reconhecimento aconteça o mais rápido possível, mas entende que há um período de estudos para que a regulamentação seja formulada.

Contrato e a renúncia de ações judiciais

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Em relação à renúncia de ações judiciais, a Energisa avalia que é um termo que não deve prosperar. “O ministro deu uma declaração recente, de que não é uma questão política, é uma questão jurídica. Ele encaminhou para a AGU [Advocacia-Geral da União]. Nosso entendimento, até baseado no parecer da AGU, é que não caberia essa exigência, então não deve prosperar”, avaliou o presidente da Energisa, Ricardo Botelho.

No geral, a Energisa considera que a minuta de contrato é boa e representa avanços para a prestação do serviço. “O contrato veio mais duro, [mas] a gente já esperava isso”, disse Botelho.

A companhia tem quatro de suas nove concessões de distribuição vencendo entre 2028 e 2031, e espera concluir a renovação antecipada dos contratos até o final de agosto de 2025.

Resultados da Energisa

No período, a Energisa registrou lucro de R$ 1,83 bilhões, com avanço de 254,1% em um ano. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de R$ 1,79 bilhão, com recuo de 8,8% em relação ao mesmo trimestre de 2023.

O segmento de distribuição de energia teve lucro líquido recorrente de R$ 468,1 milhão, com recuo de 54,4% em um ano. Considerando todo o período de 2024, entretanto, houve avanço de 0,8%, a 2,56 bilhões.

A companhia teve um efeito negativo de R$ 340,2 milhões no trimestre em função da provisão de efeitos da geração distribuída em saldo líquido de energia não-compensada. De acordo com decisão da Aneel tomada em março de 2025, os créditos não-compensados em 60 meses serão convertidos em modicidade tarifária.

Outro efeito negativo no balanço das distribuidoras foi a sobrecontratação da Energisa Acre, no montante de R$ 2,3 milhões. “Com a interligação da cidade do Cruzeiro do Sul no Acre, no final do ano, nós não vislumbramos a recorrência desses efeitos de sobrecontração no grupo, uma vez que todas as distribuidoras estão bem posicionadas”, garantiu Fernando Maia.

A (re)energisa, de comercialização de energia e gás e geração distribuída, fechou o trimestre com prejuízo de R$ 15,3 milhões, revertendo lucro de R$17,9 milhões do ano anterior. O Ebitda recorrente de geração renovável aumentou 30,9% em um ano, a R$ 62,8 milhões.

No segmento de transmissão, a Energisa destacou a entrada em operação da Energisa Amapá, em dezembro, com antecipação de nove meses em relação ao prazo regulatório. O ativo deverá render uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 13,6 milhões.

A holding EDG, de gás natural e biometano, fechou o trimestre com resultado líquido recorrente negativo de R$ 1,5 milhão, contra lucro líquido recorrente de R$ 57,1 milhões há um ano. O volume comercializado avançou 17,9%, a 199,9 milhões de m³, e a base de clientes aumentou 1,8%, a 847,8 mil consumidores.