A Engie Brasil Energia aposta em oportunidades de crescimento em novas tecnologias, como hidrogênio verde, além da expansão em áreas na qual já atua, principalmente transmissão de energia e geração renovável voltada ao mercado livre. A companhia espera anunciar em breve um memorando de entendimento assinado com uma empresa para desenvolver um projeto de hidrogênio verde no Brasil, disse Marcelo Malta, diretor financeiro da companhia, durante teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre deste ano.
Segundo Malta, a Engie ainda não pode dar detalhes sobre o memorando de entendimento assinado, mas nos próximos trimestres algumas informações devem ser divulgadas, enquanto a companhia discute novas oportunidades com outros parceiros.
Uma dessas possibilidades pode vir do governo alemão, que deve lançar em breve um edital para compra de hidrogênio verde. “Um dos projetos que estamos discutindo e conversando pode estar relacionado com a expectativa de eventualmente aproveitarmos as oportunidades desse leilão”, disse Malta.
A companhia também busca viabilizar novos projetos voltados para o mercado livre de energia, com um portfólio de cerca de 3 GW a serem desenvolvidos nos próximos anos. “Estamos nos preparando para fazer vendas mais pulverizadas há um bom tempo”, disse Rafael Bósio, gerente de relações com investidores da Engie, se referindo à busca de consumidores de menor porte para viabilizar essa nova geração de energia.
Em transmissão de energia, a Engie também planeja crescimento, e deve participar do leilão previsto para junho, envolvendo 13 lotes e mais de R$ 15 bilhões em investimentos. “Nosso time de desenvolvimento está debruçado na avaliação desses projetos. Sabemos que não temos conseguido ser competitivos nos últimos leilões, saíram com nível de preço bem abaixo do que esperávamos para viabilizar um projeto dessa natureza”, disse Malta.
Como os próximos leilões devem ter lotes de grande porte, envolvendo investimentos da casa de bilhões, a Engie espera ser mais competitiva nas disputas, disse Malta. “Achamos que a concorrência vai se restringir a algumas grandes empresas com balanço e capacidade de financiar e entregar projetos”, disse.
No segmento de transporte de gás natural, no qual a Engie é sócia da TAG, a avaliação de Malta é que o mercado ainda está em processo de maturação, mas com movimentos que sinalizam otimismo no futuro. “Percebemos pelo interesse pela utilização do gasoduto em oportunidades de expansão”, disse.
Duas oportunidades que já surgiram envolvem a conexão do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) de Sergipe à malha da TAG, cujo investimento é da ordem de R$ 300 milhões e deve adicionar uma receita anual de R$ 40 milhões, e o reforço da malha Nordeste firmado com o município de Fortaleza, com investimentos de R$ 270 milhões e receita adicional de R$ 42 milhões anuais. Os dois projetos devem ser entregues, respectivamente, no início de 2024 e meados de 2023.
“Isso mostra que oportunidades estão surgindo, e temos a perspectiva de que cresçam ao longo dos próximos anos, o que nos traz otimismo para quando os contratos da Petrobras vencerem tenhamos mercado para utilização do gasoduto”, disse Malta.
O executivo comentou ainda sobre a perspectiva de renovação antecipada dos contratos de concessão de hidrelétricas que vencem nos próximos anos. “Estamos na expectativa e torcendo para que isso possa ser aprovado ainda nesse ano, lembrando de que seria uma oportunidade para o governo levantar recursos e endereçar inclusive essa pressão nos preços de energia para consumidores, e eventualmente até trazer um pouco mais de recursos para endereçar questões fiscais no país”, disse Malta.