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Investir em renováveis ainda é desafio em termos de rentabilidade, diz Petrobras

Investir em renováveis ainda é desafio em termos de rentabilidade, diz Petrobras

A Petrobras considera que tem um portfólio adequado aos desafios da transição energética, com os ativos do pré-sal, que têm baixo teor de enxofre e resiliência a preços baixos no mercado. A diversificação de seus ativos, com investimentos em fontes renováveis de energia, contudo, ainda é um desafio em termos de rentabilidade. 

A declaração é de Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, que participou de teleconferência na manhã dessa quinta-feira, 5 de agosto, para apresentar os resultados da companhia no segundo trimestre do ano a investidores e analistas.

Enquanto as principais petroleiras do mundo têm investido cada vez mais em fontes renováveis, de olho na transição energética, a Petrobras tem caminhado no sentido oposto, desinvestindo dos ativos do tipo em seu portfólio, devido à estratégia de se concentrar em exploração e produção de petróleo, seu principal negócio.

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“Temos trabalhado fortemente no desenvolvimento de novos produtos. Temos o RefTop, programa que busca aumentar a eficiência energética das refinarias, e trabalhamos com novos produtos com pegada de carbono menor”, disse Araújo.

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A diversificação para fontes renováveis, contudo, não está nos planos imediatos da estatal, que tem sido “conservadora” nesse sentido, de acordo com o executivo. “Qualquer movimento será amparado em resiliência, rentabilidade e ativos que agreguem valor”, disse. 

Alavancagem e desinvestimentos

Ao fim do segundo trimestre do ano, a Petrobras tinha dívida bruta de US$ 63,685 bilhões, ficando muito próxima de sua principal meta apresentada ao mercado, de reduzir o endividamento bruto para US$ 60 bilhões até o fim deste ano. A relação dívida líquida/Ebitda também recuou de 2,34 vezes para 1,49 vez. Segundo a Petrobras, esta é a melhor marca para o endividamento da empresa desde o terceiro trimestre de 2011.

Segundo Araújo, a companhia deve atingir as metas de desalavancagem ao fim deste ano, o que permitiu o anúncio de antecipação de R$ 31,6 bilhões em proventos aos investidores. “Óbvio que o foco continua sendo direcionado para atingir a meta de alavancagem de US$ 60 bilhões de dívida bruta, mas cada vez mais tendemos a ser rigorosos e seletivos”, explicou.

Isso aconteceu porque, com a melhora do desempenho da companhia, seus títulos de dívida emitidos no mercado se valorizam, o que torna mais caro pré-pagar essa dívida para reduzindo a alavancagem. “Temos focado em aproveitar o pré-pagamento de operações bilaterais, com custos menores, e temos trabalhado em fazer novas emissões para recompra de forma que isso seja neutro ou negativo em baixa, alongando o prazo e reduzindo o custo da dívida ao mesmo tempo”, disse. 

A depender da geração de caixa e de eventuais conclusões de desinvestimentos, a companhia pode avaliar distribuições adicionais de proventos aos acionistas. “Estaremos o tempo inteiro monitorando e buscando gerar valor”, disse Araújo.

Em relação às vendas dos ativos de refino, a companhia segue atuando para cumprir os termos acordados com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A venda da Repar, contudo, está atrasada, depois que a Petrobras lançou um processo que foi mal sucedido e recebeu propostas em preços menores que os esperados. “Ainda estudamos como nos comportaremos em relação à Repar”, disse Araújo.

A venda da Gaspetro, assinada recentemente com a Compass Gás e Energia, está em etapa de direito de preferência pelos estados que são sócios da empresa nas distribuidoras de gás locais, e também no período em que a Mitsui, que tem 49% da companhia, poderá exercer direito de venda conjunta, se desejar. “A Petrobras está bastante engajada para contribuir para que a transação aconteça de forma bem sucedida”, disse Araújo.

Sobre a venda da Braskem, a Petrobras ainda busca as alternativas, mas não sabe ainda o que vai acontecer por parte da Novonor (antiga Odebretch), que é sócia da petroleira no controle da petroquímica. “Temos cenários, mas nenhuma decisão com relação à isso. Estamos engajados em assegurar que vamos concluir a transação em um cenário que gere mais valor para a Petrobras, e temos um assessor financeiro engajado em buscar saídas”, disse o diretor financeiro da estatal.

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