Após conseguir licença ambiental para perfurar a Bacia Potiguar, que faz parte da Margem Equatorial, a Petrobras espera iniciar a exploração na Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, no próximo semestre.
“Vamos fazer a exploração [na Bacia Potiguar] com sucesso e vamos para o Amapá em seguida. Temos toda a expectativa legítima para no primeiro semestre de 2024 ou, no mais tardar, ao longo do ano ir pro Amapá perfurar a Margem Equatorial”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, no evento “Caminhos para Transição Energética Justa no Brasil”, organizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta quarta-feira, 11 de outubro.
Segundo Prates, a Petrobras vê com naturalidade as alterações e novas exigências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o licenciamento na Foz do Amazonas. “[A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima] Marina [Silva] e o presidente do Ibama encontraram o Ibama, senão sucateado, completamente distorcido. Nós respeitamos isso, o momento e a necessidade de ela e ele fazerem alterações e novas exigências ao processo da Petrobras que já estava em curso”, disse o presidente da estatal.
Na abertura do evento, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também defendeu a exploração petrolífera na região. “Imagine o Amapá convivendo com a Guiana, que já descobriu reservas prováveis de 11 bilhões de barris de óleo equivalente, com perspectiva de produzir 1,5 milhão de barris por dia e virar a segunda economia da América Latina em produção de petróleo. O potencial de toda a Margem Equatorial é imenso para o Brasil”.
Segundo Mercadante, que foi senador da República entre 2003 e 2010 – época que abrange a descoberta do pré-sal –, o debate sobre a exploração da jazida era muito parecido com o que há atualmente em relação à Margem Equatorial, em relação ao custo de exploração, pouca competitividade e aumentar a participação de combustíveis fósseis na matriz energética brasileira. “Imagine o Brasil sem o pré-sal”, disse ele, que encerrou seu pronunciamento afirmando que “vamos estar juntos na Margem Equatorial”.
Apesar das expectativas da Petrobras e do BNDES, o Ibama não se posicionou sobre o licenciamento na Foz do Amazonas. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, as análises para licenciamento ambiental no litoral do Amapá e no Rio Grande do Norte seriam diferentes, pois já há atividade petrolífera na Bacia Potiguar.
Projetos solares e eólicos
Jean Paul Prates declarou que a Petrobras planeja iniciar “logo, logo” projetos de geração solar e eólica onshore. Segundo ele, a prioridade será para “projetos híbridos, para testar o uso do solo com dois tipos de fonte coletados no mesmo lugar e aproveitando a mesma estrutura”.
Na última semana, em evento pelos 70 anos da estatal, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse em entrevista que a companhia planejava M&A para projetos eólicos até o início de 2024.
Prates também voltou a comentar sobre o refino de óleo vegetal na produção de diesel, que a Petrobras já realiza na proporção de 5% na Repar e que até o fim do ano deve ocorrer em outras quatro refinarias. “Isso significa menos óleo cru e mais óleo vegetal direto na refinaria”, disse Prates. Segundo ele, o produto final é bastante semelhante ao disele fóssil, e são necessários testes em laboratório para identificar o que é diesel R e “diesel dinossáurico”.
No evento, o presidente da Petrobras voltou a lamentar a venda da BR Distribuidora e disse que seria necessário “reconstruir” a área de distribuição da companhia, e defendeu a política de preços de combustíveis adotada em sua gestão. “Conseguimos explicar aos relevantes acionistas, investidores estruturais – e não aos day traders –, que essa medida era essencial para a sustentabilidade da empresa, para retomar mercado que ela perdeu, por conta de oferecer preço igual aos competidores menos eficientes”.