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Prates pode retomar planos da Petrobras em energias renováveis, dizem especialistas

A posse do senador Jean-Paul Prates (PT-RN) na presidência da Petrobras, se confirmada, deve provocar uma guinada da petroleira para investimentos em fontes renováveis, segmento que a empresa abandonou em 2021, com a venda de seus últimos parques eólicos. Levantamento feito pela MegaWhat, porém, indica que a companhia ainda está bem distante de seus pares em relação ao desenvolvimento de projetos de fontes limpas, em escala comercial. O último plano estratégico da Petrobras, com horizonte 2023-2027, lançado no fim de 2022 e que deve sofrer mudanças após o início da gestão de Prates, praticamente não prevê recursos para investimentos em fontes renováveis. O novo plano prevê investimentos totais de US$ 78 bilhões – o maior orçamento desde o plano 2016-2020, de US$ 80 bilhões. Porém, 93% dos investimentos previstos para os próximos cinco anos são voltados para exploração e produção (E&P) e refino. A área de gás e energia deve receber apenas 2% dos US$ 78 bilhões. E não há nenhuma indicação nessa área para

Prates pode retomar planos da Petrobras em energias renováveis, dizem especialistas

A posse do senador Jean-Paul Prates (PT-RN) na presidência da Petrobras, se confirmada, deve provocar uma guinada da petroleira para investimentos em fontes renováveis, segmento que a empresa abandonou em 2021, com a venda de seus últimos parques eólicos. Levantamento feito pela MegaWhat, porém, indica que a companhia ainda está bem distante de seus pares em relação ao desenvolvimento de projetos de fontes limpas, em escala comercial.

O último plano estratégico da Petrobras, com horizonte 2023-2027, lançado no fim de 2022 e que deve sofrer mudanças após o início da gestão de Prates, praticamente não prevê recursos para investimentos em fontes renováveis. O novo plano prevê investimentos totais de US$ 78 bilhões – o maior orçamento desde o plano 2016-2020, de US$ 80 bilhões. Porém, 93% dos investimentos previstos para os próximos cinco anos são voltados para exploração e produção (E&P) e refino.

A área de gás e energia deve receber apenas 2% dos US$ 78 bilhões. E não há nenhuma indicação nessa área para investimentos comerciais em renováveis. O principal destaque do documento para o setor de energia é a redução do volume de energia do parque gerador, dos atuais 5,6 gigawatts (GW) médios para 3,6 GW médios, em 2027. Outra meta da companhia é contar com termelétricas a gás natural com alta eficiência.

Em novembro do ano passado, antes da divulgação do plano, o diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da empresa, Rafael Chaves, havia dito que a companhia avaliava oportunidades de investimentos em projetos de geração de energia eólica offshore no Brasil, ao mesmo tempo em que acompanhava e aguardava as definições na regulação no país.

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“A Petrobras não está nem na frente nem atrás. A Petrobras está na mesma página das outras empresas que estão olhando oportunidades de eólicas offshore, ainda aguardando algumas respostas do ponto de vista de regulação”, disse Chaves, na ocasião.

Renováveis

Especialistas acreditam que, com a chegada de Jean-Paul Prates, a Petrobras deverá dedicar mais atenção às fontes renováveis, sem renunciar à prioridade para as atividades no pré-sal, carro-chefe da companhia nos últimos anos. Em relatório assinado pelos analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, o Credit Suisse lembra que Prates defendia o aumento de investimentos em refinarias e em transição energética.

A visão da casa de análise é compartilhada por Paulo Valois, sócio do escritório Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira & Agel. “Jean-Paul [Prates] é um bom nome. Ele adquiriu uma habilidade política muito grande [nos últimos anos]. Vai trazer uma agenda de transição energética, do projeto de lei da eólica offshore [do qual ele foi autor]”, disse o especialista, à MegaWhat. “Vai haver um retorno da Petrobras para as renováveis. A Petrobras não pode estar de fora desse mercado”, completou.

A indicação de Prates para o comando da Petrobras foi oficializada pelo Ministério de Minas e Energia no início deste ano. A documentação relativa ao nome do senador está sendo analisada pela Casa Civil. Em caso de aprovação, a indicação também passará por uma análise prévia por um comitê interno da Petrobras, para averiguação de eventuais não-conformidades, e em seguida poderá ser deliberado no conselho de administração da empresa.

Eólica offshore

Valois acredita que um caminho interessante para a Petrobras seja investir em projetos de eólica offshore em parceria com grandes investidores do setor. Existem hoje no país 70 projetos do tipo aguardando licenciamento ambiental, totalizando 176,6 GW de capacidade instalada.

Em termos globais, outras petroleiras estão com planos de investimentos mais ousados para fontes renováveis, em comparação com a Petrobras.

Uma das referências neste segmento é a norueguesa Equinor, responsável pela operação do primeiro parque eólico offshore flutuante do mundo, na Escócia, em 2017. Em entrevista ao Canal Energia, em outubro do ano passado, gerente para eólicas offshore no Brasil e América Latina da companhia, André Leite, afirmou que a empresa pretende investir US$ 23 bilhões nos próximos cinco anos em renováveis e soluções de baixo carbono. A maior parte desse montante será destinado a eólicas offshore.

Em dezembro do ano passado, a Equinor anunciou a decisão final de investimento em Mendubim, projeto de geração de energia solar, de 531 megawatts (MW) de capacidade instalada, no Rio Grande do Norte. O investimento previsto no projeto é de US$ 430 milhões. A Equinor atua no setor de geração solar no Brasil em escala comercial desde 2018.

A Shell, por sua vez, investe globalmente entre US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões por ano em petróleo e gás natural e algo entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões anualmente em projetos de fontes renováveis. Segundo o presidente da companhia no Brasil, Cristiano Pinto da Costa, a tendência é que, no futuro, haja o balanceamento desses valores.

A Shell possui um portfólio de 4 a 5 GW de capacidade instalada de projetos de geração de energia solar no Brasil. Na área de eólica offshore, a companhia protocolou no Ibama um total de 17 GW de projetos do tipo para licenciamento ambiental.

No caso da francesa Total, do total de US$ 13,3 bilhões de investimentos feitos em 2021, 25% foram destinados a negócios relacionados a fontes renováveis e eletricidade. Esse segmento gerou um Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 1,4 bilhão para o grupo naquele ano. A Total possui mais de 10 GW de capacidade instalada de energia, além de mais de 6 milhões de consumidores de energia elétrica.

Até mesmo a gigante norte-americana ExxonMobil, questionada no mercado pelo seu posicionamento estratégico voltado para fontes renováveis, anunciou no ano passado investimentos de US$ 17 bilhões em soluções de baixa emissão de carbono até 2027. Os investimentos envolvem construção de planta de produção de hidrogênio azul e unidades de captura de carbono.

Em relação à descarbonização, a Petrobras planeja investir US$ 3,7 bilhões até 2027. Os investimentos são voltados principalmente para soluções de baixo de carbono em novos projetos de exploração e produção, um fundo de descarbonização e projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

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