A Light e suas subsidiárias tiveram um novo corte nas notas de crédito quanto à inadimplência e dívida, realizado pela Fitch Ratings. A agência aponta que o processo de reestruturação da dívida, declarado publicamente durante teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2022 da companhia, se enquadrará na definição de processo de default-like, o que resultaria no rebaixamento dos ratings para ‘C’.
Segundo a agência de classificação, após as declarações, o rebaixamento reflete a elevada probabilidade que o grupo Light entre em processo de reestruturação de dívida ainda em 2023.
A distribuidora da Light tem saídas de caixa consideráveis para o ano, de R$ 2,8 bilhões, entre investimentos e devoluções de créditos fiscais aos seus consumidores, enquanto a posição de caixa da distribuidora, de R$ 457 milhões em base proforma, incorporando o pagamento antecipado de debêntures, em 29 de março, mostra que o saldo em caixa não é suficiente para suportar estes desembolsos.
“A flexibilidade financeira da Light se enfraqueceu devido à combinação de incertezas quanto à renovação da concessão e pressões no fluxo de caixa operacional, como resultado de significativas perdas de energia, elevadas despesas com juros e reembolsos de créditos tributários aos clientes”, explica a empresa em sua decisão.
Com essas questões, somadas a altas métricas de alavancagem e com a contratação de consultoria financeira especializada em reestruturação de dívidas, o acesso da Light a financiamentos é visto como limitado e/ou muito oneroso, devido às condições atuais do mercado e ao seu perfil de crédito.
No entender da agência, a empresa não deve conseguir captar financiamentos necessários para suportar seu esperado fluxo de caixa livre negativo e as amortizações de dívida em 2023 – que, pelas estimativas da agência, totalizarão entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.
A Fitch ainda detalha o resultado da empresa nos três últimos meses de 2022 frente à incerteza da capacidade de captar recursos no curto prazo. Durante o quarto trimestre, a posição de caixa consolidada do grupo se reduziu 48%, significando menos R$ 1,9 bilhão. Além disso, o caixa e as aplicações financeiras ao final do ano passado, de R$ 2,1 bilhões, não devem cobrir as amortizações de dívidas estimadas.
As agências de classificação de risco Moody’s e S&P Global Ratings rebaixaram em fevereiro as notas de crédito da Light, um dia após a Fitch ter feito um downgrade no rating da elétrica fluminense, evidenciando o impasse financeiro de uma das maiores e mais emblemáticas distribuidoras de energia do país.