R$ 2 tri em investimentos

Governo quer publicar MP com desoneração para data centers ainda nesta semana

Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Divulgação)
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, fala sobre data centers (Divulgação)

A desoneração para o segmento de data centers deve ser anunciada ainda nesta semana por meio de uma medida provisória, segundo informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A nova política foi chamada de Redata e espera atrair aproximadamente R$ 2 trilhões em investimentos nos próximos dez anos, conforme estimativa do governo, a partir de três eixos principais.

O plano prevê a antecipação dos efeitos da reforma tributária do consumo, que entrará em vigor em 2026 e só será totalmente implementada em 2032. Desta forma, os eixos do Redata preveem a desoneração de 100% dos tributos federais sobre investimentos realizados pelo setor de data centers; redução do imposto de importação para equipamentos de tecnologia da informação que não são fabricados no Brasil; e isenção total de tributos sobre exportações de serviços gerados por esses equipamentos.

Segundo o ministro da Fazenda, a antecipação da reforma tributária será possível porque os estados não tiveram tempo de fazer guerra fiscal em torno da nova economia, usando o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para atrair as big techs.

“Qual é a vantagem do Plano de Transformação Ecológica? É que não há guerra fiscal em torno desse plano simplesmente porque a economia ainda não está organizada em torno dele. São setores que virão a ser organizados, e a guerra fiscal não se estabeleceu ainda. Temos a vantagem de antecipar os efeitos da reforma tributária para agora”, afirmou Haddad durante evento promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), realizado nos Estados Unidos.

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No início desta semana, Fernando Haddad já havia informado que o Redata seria enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas. Além da MP, o governo trabalha na articulação para aprovar o novo marco legal dos data centers. No entanto, o ministro reconheceu desafios no debate legislativo, como questões relacionadas a direitos autorais e à preservação da concorrência.

As medidas provisórias são instrumentos com força de lei adotados pelo presidente da República em casos de relevância e urgência nacional. Elas passam a valer imediatamente após sua publicação, mas precisam ser aprovadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal em até 60 dias — prazo que pode ser prorrogado por mais 60 dias — para se tornarem leis definitivas.

Reuniões com big techs e empresas de tecnologia

Desde domingo, Haddad tem apresentado o plano às big techs. Já se reuniu com a CFO do Google, Ruth Porat, e com o CEO da Nvidia, Jensen Huang.

Durante o evento da Amcham, o ministro conversou com representantes de 33 empresas dos setores de data centers, computação em nuvem, fundos de tecnologia e energia, incluindo a Ada Infrastructure, Ascenty, AWS Brasil, Bytedance (TikTok), CloudHQ, Data Center Platform – Fundo Patria, Digital Bridge, Elea Data Center, Meta, Microsoft, Odata, Oracle e Scala Data Center.

Durante sua fala, o ministro ainda destacou o potencial do Brasil para liderar uma nova fronteira de investimentos em tecnologia ao afirmar que a nova política para data centers está alinhada com os compromissos do país com a transição verde e a digitalização da economia.

“Estamos construindo uma política pública robusta, com base em diálogo com o setor privado, para garantir previsibilidade, eficiência energética e segurança jurídica aos investidores. O Brasil reúne atributos únicos, como matriz energética limpa, capacidade técnica instalada e vocação para o crescimento digital”, disse.

O diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil, Fabrizio Panzini, também chamou a atenção para a vantagem competitiva do Brasil em energia, destacando que a tecnologia e a infraestrutura digital representam uma agenda ganha-ganha para Brasil e EUA, com geração de empregos e produção de alto valor agregado.

 (Com informações da Agência Brasil de notícias)