Sobreoferta de energia

Renováveis não saíram do papel por falta de demanda, diz Petrobras

Estatal também aguarda “ansiosa” o anúncio do leilão de potência, segundo o diretor Mauricio Tolmasquim

Maurício Tolmasquim, diretor executivo de Transição Energética da Petrobras / Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil
Maurício Tolmasquim, diretor executivo de Transição Energética da Petrobras / Crédito: Tomaz Silva (Agência Brasil)

Desde que a Petrobras criou a direção de Transição Energética e Sustentabilidade, em 2023, não foram poucos os anúncios de apetite da estatal para entrar em projetos renováveis – que seriam grandes, para corresponder ao porte da empresa. Entretanto, mais de um ano depois, pouco saiu do papel. Segundo o chefe da diretoria, Mauricio Tolmasquim, os projetos não foram desenvolvidos por falta de demanda.

“A gente tem o capex [investimento inicial, para instalação do projeto] e tem o parceiro potencial, falta a demanda. A gente tem uma sobreoferta de energia elétrica e, com isso, os preços de energia ficam baixos. Então, não adianta: nem eu tendo parceiro e recurso, tem que fechar um outro elemento da equação, que é o preço. A gente precisa de uma demanda mínima com valor que justifique o projeto”, disse Tolmasquim nesta segunda-feira, 14 de outubro, em evento para a imprensa no Rio de Janeiro.

O diretor acredita que o cenário está mudando “rapidamente”, com aumento nos preços de energia, o que pode possibilitar o desenvolvimento dos projetos. Quando os preços melhorarem, a Petrobras deve continuar investindo em solares e eólicas onshore, já que ainda não há regulamentação para eólicas offshore e porque, na avaliação de Tolmasquim, o Brasil ainda possui muito potencial a se desenvolver em terra.

Em renováveis, a companhia anunciou na última semana uma planta de hidrogênio verde a partir de uma usina solar de 2,5 MWp de potência, e há um ano informou que instalaria 11 MW em placas solares na Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais. Há, ainda, projetos de pesquisa e desenvolvimento, inclusive em eólicas offshore, mas cujo desenvolvimento comercial não foi anunciado.

Leilão de potência

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Tolmasquim também comentou que a Petrobras aguarda “ansiosa” o leilão de reserva de capacidade na forma de potência. O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou o leilão em 2023, mas após período de consulta pública, ainda não divulgou as regras e a data para o certame.

“A gente tem algumas técnicas que estão terminando o contrato de gás. E estamos querendo botar mais uma [no Complexo de Energia Boaventura, antes chamado de Gaslub e Comperj]”, disse o executivo.

Segundo ele, a Petrobras despachou em 3 de outubro 4 GW em suas usinas, montante alcançado apenas entre 2021 e 2022, durante a crise hídrica. Atualmente, o país passa por um cenário de escassez hídrica que também levanta sinais de alerta no setor, apesar de o MME descartar o risco de desabastecimento. “Para a gente continuar a prover essa capacidade que é fundamental para a segurança do país e para a própria complementação das fontes intermitentes, é muito importante essa questão do leilão de reserva”, comentou.