Com corte de 160 GWh, Renova diz que conta ainda não fecha para baterias

A Renova Energia fechou o primeiro trimestre de 2025 com uma geração perdida pelo curtailment de 160 GWh no Complexo Alto Sertão II, montante bem acima dos 24,8 GWh registrados no mesmo período de 2024. Mesmo acreditando que os sistemas de baterias para armazenamento poderiam ajudar na mitigação das perdas, a empresa ainda não vê viabilidade para implementar em qualquer usina no Brasil.  

“Os custos estão muito elevados e ainda não fecha a conta. Mesmo com esse curtailment alto, ainda não fecha a conta da compra da bateria para a gente conseguir, no momento que a rede não está disponível, armazenar essa energia e injetar quando a rede está disponível”, disse diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Renova, Vitor Hugo Alexandrino da Silva.

O diretor ainda aponta que houve uma melhora do parque eólico, de 50% na comparação com o primeiro trimestre de 2024, mas que acabou sendo penalizado pela restrição da geração de 75%.  Entre as razões para os cortes da Renova neste trimestre, 108,8 GWh foi indisponibilidade externa – passível de reembolso

“Então, desses 160 [GWh], 70% seriam reembolsados pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica]”, disse Silva, lembrando da indisponibilidade do Bipolo de Belo Monte, e que acabou impactando fortemente os resultados de geração da companhia.

Solar e hibridização

Neste mês, a empresa espera o início da operação sua planta solar de geração distribuída de 4,8 MWp, que não deve gerar uma receita significativa para a companhia, mas é importante para o seu negócio.

Mesmo com a importância solar, a Renova não espera hibridizar com a fonte solar o complexo eólica Alto Sertão. Mesmo com a redução de custos por utilizar a mesma subestação e linha de transmissão, além de toda a infraestrutura do complexo, o alto nível de curtailment ainda inviabilizaria seu desenvolvimento.

“A gente tem a possibilidade de construir [uma solar] associada ao nosso parque Alto Sertão. Porém, com o nível de curtailment que tem hoje, fica praticamente inviável construir um parque solar lá em Alto Sertão III”, completou o executivo.

O complexo eólico Alto Sertão III tem uma capacidade instalada de 432,6 MW e está localizado nos municípios de Caetité, Igaporã, Pindaí, Licínio de Almeida, Urandi e Guanambi, na Bahia.

Resultados da Renova

No primeiro trimestre de 2025, a receita operacional líquida do grupo Renova Energia foi de R$ 84,1 milhões, representando um aumento de 97,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. 

A companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 57,5 milhões de janeiro a março deste ano, redução de 7,1% comparado com o prejuízo líquido de R$ 61,9 milhões no 1T24.

Entre as principais variações registradas entre os trimestres de 2025 e do ano passado, a Renova destaca o custo com compra de energia de R$ 50,1 milhões no 1T25, frente aos R$ 2,9 milhões no 1T24, principalmente devido ao curtailment;; contabilização dos compromissos futuros marcação a mercado de R$19,6 milhões no 1T25 comparado com -R$ 11,7 milhões no 1T24; despesas financeiras no valor de R$ 40,8 milhões, frente aos R$ 33,8 milhões no ano passado, principalmente devido à elevação do CDI. 

Considerando o resultado financeiro de R$ 40,7 milhões negativos, depreciação e amortização de R$ 26,7 milhões e impostos de R$ 9,1 milhões, o Ebitda totalizou R$ 19,1 milhões no 1T25, comparado com R$ 7 milhões negativos do mesmo período do ano anterior.