Empresas

Copel acredita em ‘alguma aprovação’ das MPs, mas teme novos subsídios

Vista aérea da sede da Copel no Paraná / Crédito: Divulgação
Sede da Copel

A Copel acredita em aprovação de, pelo menos, alguns trechos das medidas provisórias (MPs)1.300 e 1.304, que trazem mudanças na estrutura do setor elétrico. Entretanto, a companhia avalia que o cenário político “contaminado” pode atrapalhar o processo, e, inclusive, terminar com a aprovação de novos subsídios.

“No Congresso a gente sabe sempre o que entra, [mas] nunca sabe o que sai, e a preocupação é que saiam de lá mais subsídios. Você viu quando fez a discussão dos vetos [das eólicas offshore], ele piorou o ambiente da tarifa, ele piorou a segurança, ele piorou o planejamento técnico, então é um ponto de atenção”, disse o presidente da Copel, Daniel Slaviero. A companhia realizou sua teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2025 nesta quarta-feira, 7 de agosto.

Slaviero também avalia que o clima político no país pode retardar decisões importantes para o setor e cria imprevisibilidade ao mercado. “O ambiente político institucional no Brasil está muito contaminado, muito controverso e muito acirrado, então isso acaba tendo impacto em todas as frentes, seja na nomeação de novos diretores nas diversas agências, seja na tramitação dos projetos de lei e das MPs no Congresso”, disse.

Em relação aos trâmites das MPs, o executivo acredita que pode haver a fusão dos textos. Em qualquer cenário, Slaviero avalia que precisará haver alguma aprovação em função da mudança na tarifa social, que já foi implementada. “Já aconteceu, então isso precisa da aprovação. Nem que seja um escopo mínimo do que está nesses dois textos, ele precisará ocorrer, essa é a nossa visão base”, disse o presidente da Copel.

Perguntado sobre o leilão de reserva de capacidade (LRCap), Slaviero voltou a afirmar o interesse da Copel na participação com as hídricas Segredo e Foz do Areia. “São dois projetos muito robustos e competitivos”, disse. “Já se fala de um leilão bastante expressivo, bem acima de 12 GW de necessidade de potência para suprir para os próximos anos”, calcula o executivo.

Ele lamentou a demora do Ministério de Minas e Energia (MME) em publicar a nova portaria para o certame, mas acredita que o texto pode sair em breve: “Na nossa visão, e [com base] nas declarações públicas do ministério, isso deve acontecer nas próximas semanas para que o leilão ocorra ainda no primeiro trimestre de 2026”, avalia.

MMGD e volatilidade do mercado

No trimestre, a divisão de Geração e Transmissão da Copel foi impactada pelo aumento nos custos de energia comprada, que cresceu 33% na base anual, representando um custo adicional de R$ 126,3 milhões. Segundo a empresa, a movimentação se deve à compensação de micro e minigeração distribuída (MMGD).

Por outro lado, as vendas de energia da companhia aproveitaram um momento de maior volatilidade dos preços. Segundo o diretor de Comercialização da companhia, Rodolfo Lima, a partir de setembro de 2024, quando começou a haver mais despacho térmico para o atendimento á ponta da carga, “o mercado começou a enxergar novos patamares” de preço. Assim, a companhia vendeu energia para 2027, 2028 e 2029 “quase R$ 40 acima do que estava sendo vendido”, explicou o executivo.

Ainda assim, os montantes de energia já comercializada são “bastante pequenos, considerando que o montante de energia que a companhia ainda tem para esses períodos de médio prazo”, esclareceu o presidente, Daniel Slaviero. Os executivos explicaram que a empresa segue uma estratégia de vendas parciais com diluição dos montantes no médio prazo. “A necessidade de potência, tem mostrado oportunidades e uma tendência de cada vez melhor na nossa visão do preço do PLD”, disse Slaviero.

Resultados

No segundo trimestre de 2025, a Copel registrou lucro líquido de R$ 573,6 milhões, valor 21,1% superior ao do mesmo período de 2024. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 1,58 bilhão, com crescimento de 21,3% na base anual. A receita operacional líquida totalizou R$ 6,22 bilhões no período, um crescimento de 13,6% em relação registrado no segundo trimestre de 2024.

O segmento de geração e transmissão registrou Ebitda recorrente 12,6% maior do que no ano anterior, a R$ 761,4 milhões. O bom desempenho se deve a transações realizadas no mercado de curto prazo, ao incremento na receita da disponibilidade da transmissora e ao menor desvio de geração eólica, apesar do maior curtailment, que passou de 7,6% no segundo trimestre de 2024 para 12,1% no segundo trimestre de 2025.

No segmento de distribuição, O Ebitda recorrente avançou 0,6% na base anual, fechando o segundo trimestre de 2025 a R$ 569,3 milhões. A Copel destaca o reajuste tarifário da Tusd em junho de 2024, de 2,7%, e a queda de 15,8% nas despesas com pessoal, como reflexo dos planos de demissão voluntária. Por outro lado, houve queda de 2,6% no mercado faturado, em função do clima mais ameno, e o crescimento de 33,1% no custo da energia comprada para revenda em função da MMGD.

Na comercialização, o Ebitda recorrente recuou 47,5%, fechando o trimestre a R$ 18,3 milhões, contra R$ 34,9 milhões há um ano. Houve aumento de 40,2% nas despesas operacionais, como resultado do avanço do processo de reestruturação da comercializadora. Além disso, as margens praticadas foram menores. Por outro lado, as vendas foram 21% maiores neste trimestre em relação ao ano passado.