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Eneva prevê despachos de térmicas no 2º semestre e espera 8 GW de demanda em leilão de reserva

A Eneva voltou a incluir em suas projeções para o fim do ano o despacho térmico por razão de energia, embora acredite ser menos provável do que o despacho por razão de potência. Segundo o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da empresa, Marcelo Cruz Lopes, o fenômeno La Niña provocou um mês de abril mais seco, sobretudo no Sudeste, tendência que pode abrir a possibilidade para maior necessidade de despacho por energia.

Eneva prevê despachos de térmicas no 2º semestre e espera 8 GW de demanda em leilão de reserva

A Eneva voltou a incluir em suas projeções para o fim do ano o despacho térmico por razão de energia, embora acredite ser menos provável do que o despacho por razão de potência. Segundo o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da empresa, Marcelo Cruz Lopes, o fenômeno La Niña provocou um mês de abril mais seco, sobretudo no Sudeste, tendência que pode abrir a possibilidade para maior necessidade de despacho por energia.

“A gente continua acreditando num despacho do sistema elétrico brasileiro por requisito de potência. A tendência de esse despacho ser amplificado por despachos de requisito de energia tinha sido mitigada por conta das chuvas de março, mas se essa seca de abril perdurar nos próximos meses, volta a ser uma possibilidade para novembro, dezembro, em especial se o período úmido do ano que vem atrasar”, disse Cruz Lopes nesta quarta-feira, 15 de maio, durante teleconferência com analistas sobre os resultados da Eneva no primeiro trimestre de 2024.

A empresa avalia que os despachos por requisito de potência devem ocorrer a partir de outubro e novembro. Menos prováveis, os despachos por razão energética podem ocorrer a partir de novembro e dezembro.

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Baterias não impactam perspectivas para leilão

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A diretoria da empresa também comentou sobre as perspectivas para o leilão de reserva de capacidade, inicialmente previsto para 30 de agosto deste ano. Cruz Lopes avalia que o certame deve atrasar em pelo menos um mês, já que a consulta pública foi postergada. “Hoje a nossa perspectiva é setembro, mas ainda não está certo esse calendário por parte do Ministério [de Minas e Energia]”, disse o executivo.

Com base em estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Eneva espera a contratação de 8 GW em termelétricas no leilão de reserva de capacidade e que esta demanda não deve ser alterada caso baterias e hidrelétricas entrem para o leilão, já que a oferta térmica é firme e independe de condições climáticas.

Alagamentos no Rio Grande do Sul comprometem exportações

O retorno de exportações de energia para a Argentina foi um dos principais destaques para o resultado da Eneva nos três primeiros meses do ano, somando 248 GWh, dos quais 133 GWh tiveram preços estabelecidos em contratos bilaterais e 115 GWh foram liquidados pelo PLD.

A companhia avalia que a demanda ainda existe e deve continuar para os próximos trimestres. “A Argentina só não está importando a energia do Brasil nesse mês de maio, que está sendo um mês de temperaturas bem baixas na região sul, inclusive Buenos Aires, por conta da questão das enchentes no Rio Grande do Sul, que está inviabilizando o envio de energia via conversora de Garabi”, disse Cruz Lopes.

Segundo o executivo, o Operador Nacional do Sistema (ONS) está avaliando alternativas operativas para resolver este gargalo relacionado à exportação de energia, que deverá ser executada por meio de térmicas já que não haverá a concorrência de hídricas. “E entre os geradores térmicos não deve ter muitas diferenças em relação ao cenário que a gente via no ano anterior, em que o complexo do Parnaíba tem uma competitividade bem interessante para atender uma parte relevante da demanda”, prevê Cruz Lopes.

Resultados

No primeiro trimestre de 2024, a Eneva teve prejuízo líquido de R$ 60,9 milhões, contra lucro líquido de R$ 222,9 milhões no primeiro trimestre de 2023. Segundo a empresa, o resultado foi impactado pela variação cambial e pelo início da contabilização de despesas relacionadas a dívidas do projeto Futura 1, que ainda não estava operacional há um ano.

A receita operacional líquida caiu 18,5% na comparação anual, fechando o período a R$ 2 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) foi de R$ 1 bilhão, com recuo de 6,8% no ano.

No período, o despacho regulatório foi concentrado no mês de janeiro para atendimento à ponta de carga, com geração de 355 GWh no Complexo Parnaíba a 216 GWh pela UTE Jaguatirica II. Considerando também a energia para exportação e para o mercado livre, foram gerados 1,1 TWh de energia pelas usinas da Eneva.

A geração solar no parque Futura 1, que entrou em operação em maio de 2023, foi de 405 GWh. Houve redução na geração na comparação com o quarto trimestre de 2023 em função de condições climáticas.

Em upstream, a produção de gás dobrou, atingindo 0,26 bilhão de m³. O crescimento ocorreu sobretudo para atendimento às térmicas.