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Para driblar preços baixos, Petrobras avalia comprar projetos de renováveis com PPAs

Mauricio Tolmasquim, diretor da Petrobras
Mauricio Tolmasquim, diretor da Petrobras | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Para avançar na estratégia de descarbonização em meio a um cenário de preço baixo de energia, a Petrobras avalia que uma solução pode ser a compra de projetos que já tenham contratos de compra de energia (PPAs, na sigla em inglês) firmados.

“Isso talvez facilitasse a contratação. E [neste cenário] deixar os projetos greenfield que necessitam PPA novo para um estágio além”, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Mauricio Tolmasquim, em teleconferência com investidores realizada nesta sexta-feira, 8 de novembro.

A companhia anunciou em seu plano estratégico 2024-2028, divulgado no final de 2023, o investimento de US$ 5,5 bilhões em energia renovável, hidrogênio e captura de carbono. Para isso, a diretoria da companhia informou em diversas ocasiões que pretendia investir em projetos de geração renovável grande porte, em função do próprio tamanho da Petrobras. Mas, até o momento, a empresa não confirmou nenhum projeto de energia solar ou eólica.

Segundo Tolmasquim, atualmente o avanço da geração renovável na empresa está reprimido por conta da sobreoferta de energia no país, que derruba os preços. “A gente tem que mostrar que o VPL [valor presente líquido, usado no cálculo de projetos da companhia] é positivo, e para isso a gente tem que ter um preço que remunere o projeto”, disse o executivo. Por isso, a compra de projetos que já tenham PPAs favoráveis pode ser uma alternativa para a companhia.

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Tolmasquim também reforçou que a estratégia da companhia é atuar com parceiros, porque o custo da Petrobras para operar projetos renováveis é alto.

Gás para Empregar e Paten

Tolmasquim comentou sobre o decreto do Gás para Empregar, que preocupou o mercado por conferir à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a prerrogativa de estabelecer preço de acesso a infraestruturas essenciais e de interferir nos volumes de produção de gás natural.

Segundo o executivo, a Petrobras ficou “realmente apreensiva”, mas agora a leitura é que as novas regras só valerão para novos projetos, e não àqueles que já tenham aprovação.

Agora, a atenção da estatal está voltada ao Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), que atualmente tramita pelo Senado e pode incluir o gas release, que obrigaria a Petrobras a se desfazer de parte de seus contratos para desconcentrar o mercado. Segundo Tolmasquim, a medida pode “digerir” a Petrobras.

O executivo revelou que a estatal vem agindo por meio de “conversas” para costurar um acordo que preserve sua produção. “A gente já avançou muito e estamos otimistas que será tudo resolvido”, disse Tolmasquim.

Revitalização da Bacia de Campos e novas fronteiras

A diretoria da Petrobras voltou a defender sua estratégia de revitalizar a Bacia de Campos, cuja primeira descoberta de óleo ocorreu há 50 anos e que foi responsável pelas primeiras grandes produções da Petrobras até a identificação comercial do pré-sal.  

A diretora de Exploração & Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, reforçou que a estatal planeja aumentar em 200 mil barris por dia a produção na região, que poderá produzir volumes equivalentes a tudo o que já foi extraído dali, em um ritmo mais lento.

Dos Anjos avalia que a Bacia de Campos tem características geológicas semelhantes às da Margem Equatorial e da costa da África e, por isso, a experiência da estatal na região é tão valiosa. “É uma escola e o que nós vamos fazer é aumentar a produção para dar uma longa vida a essa bacia”, disse a diretora. Atualmente, o fator de recuperação na Bacia de Campos é de 17%, segundo a executiva.

A Petrobras também planeja aumentar o fator de recuperação de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos e que atualmente é o maior campo produtor do país. Tupi também tem fator de declínio de produção menor do que 10%, considerado melhor do que a média, informou a executiva. “A ideia é não deixar que a gente tenha um declínio tão acelerado como a gente viu na Bacia de Campos”, disse Dos Anjos.

Assim, o plano da estatal agora é elevar a produção do campo a um milhão de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a ANP, Tupi produziu 850,9 mil barris de óleo equivalente por dia em setembro deste ano.