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‘Sem o leilão, temos dificuldade de manter as térmicas’, diz Petrobras

Térmica Três lagoas - Petrobras (Divulgação)
Térmica Três lagoas | Petrobras (Divulgação)

A Petrobras, que no terceiro trimestre de 2024 aumentou em 139% a venda de energia elétrica, a 1.075 MW médios, avalia que a realização de um leilão de reserva de capacidade é importante para a manutenção de seus ativos térmicos.

“Nós temos um parque de 4,9 GW e, desses,  2,9 GW estão ficando sem contrato. Sem esse leilão, a gente não consegue garantir a remuneração das nossas plantas e, não garantindo a remuneração das plantas, a gente tem dificuldade de manter os ativos”, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Mauricio Tolmasquim, em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira, 8 de novembro.

Segundo Tolmasquim, a Petrobras vem conversando com o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre o assunto, e a pasta sabe da importância do leilão. “Diariamente as térmicas estão sendo despachadas para atender o pico de carga”, disse o executivo, que também mencionou projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre a descontratação de potência no Sistema Interligado Nacional (SIN).

O MME abriu uma consulta pública para discutir o leilão em março com a previsão de realizar o certame em agosto, mas até hoje não publicou uma portaria com as diretrizes da disputa, que o mercado espera que aconteça no primeiro semestre de 2025.

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A Petrobras espera participar do certame com seu parque existente e com a nova usina de 400 MW a ser inaugurada no Complexo de Energias Boaventura, no Rio de Janeiro, antigo Comperj.

Na coletiva, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que a empresa produz 31% de toda a energia primária no país. “Nós somos absolutamente capazes de fornecer toda a energia que o Brasil precisa e que está sobre a nossa responsabilidade”, disse a presidente.

Foz do Amazonas e novas fronteiras

A diretoria da Petrobras voltou a ressaltar a importância da exploração na Foz do Amazonas. A diretora de Exploração e Produção, Sylvia dos Anjos, comentou que a área já foi intensamente estudada pela companhia, “desde 2013 quando obtivemos os blocos”, mas que a comprovação das reservas só ocorre após a perfuração.

Desde 2023, a estatal aguarda a emissão da licença de operação por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em outubro, a autarquia emitiu nova negativa e solicitou mais esclarecimentos sobre a operação da Petrobras. A diretora de assuntos corporativos da companhia, Clarice Copetti, informou que a Petrobras deve responder os questionamentos até o final de novembro.

“A gente vem discutindo intensamente, não só os nossos técnicos, em conjunto com os técnicos do Ibama, mas também a gente tem trabalhado no nível do esclarecimento dos manuais técnicos do Ibama. Toda a proposta da Petrobras vem de acordo com aquilo que está sendo exigido nos manuais do Ibama”, disse Copetti.

Segundo a diretoria da estatal, outra área com potencial brasileiro, Bacia de Pelotas, ainda deve demorar mais um ou dois anos para iniciar o processo de licenciamento. No final de 2023, a Petrobras arrematou 29 blocos, em consórcio com a Shell. Atualmente, a área se encontra em processo de início de sísmica, que deve perdurar durante todo o ano de 2025. A partir dos resultados da sísmica, tem início a fase de interpretação dos dados.

“A gente não vai aguardar toda a sísmica para começar o estudo. Conforme elas foram sendo adquiridas e processadas, a gente inicia os estudos. Mas até tirar toda essa avaliação dos blocos, selecionar as áreas, vai demorar um pouco mais do que esse ano de aquisição”, explicou Sylvia dos Anjos.

Resultados

No terceiro trimestre de 2024, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 32,55 bilhões, com avanço de 22,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, tributos, depreciação e amortização) foi de R$ 63,66 bilhões, o que representou um crescimento de 28% na base anual.

O desempenho ocorreu mesmo em cenário de queda no brent, que fechou o período a US$ 80,18 por barril, valor 7,6% mais baixo do que no terceiro trimestre de 2023. O crackspread do diesel também caiu 57,87% no ano, a US$ 17,06 por barril. Em seu relatório, a Petrobras explica que conseguiu compensar as reduções nos preços com aumento nos volumes de vendas de derivados.

A companhia também destacou o aumento nas vendas de petróleo para o mercado interno em função de maiores entregas para a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripé, vendida pela Petrobras em 2021. O aumento de 138,9% nas vendas de energia elétrica também colaborou para o Ebitda da companhia.

“Os efeitos foram parcialmente compensados pelo aumento da participação do petróleo produzido no mix de derivados e pelo maior volume de venda no mercado interno”, complementou durante a coletiva o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da companhia, Fernando Melgarejo.

Os investimentos no trimestre somaram US$ 4,45 bilhões, com aumento de 31,3% na comparação anual. O segmento de Exploração e Produção recebeu a maior fatia dos investimentos, com US$ 3,77 bilhões, montante 30,5% maior do que há um ano. Deste total. Outros US$ 2,2 bilhões foram para o pré-sal da Bacia de Santos, US$ 0,8 bilhão foi para o desenvolvimento do pré e pós-sal da Bacia de Campos, onde a Petrobras executa um projeto de revitalização. Mais US$ 0,2 bilhão foi destinado a investimentos exploratórios.

As despesas operacionais totalizaram R$ 19,9 bilhões, com redução de 13,8% em relação ao terceiro trimestre de 2023.