A Serena (ex-Omega) está trabalhando com oportunidades para aumentar a rentabilidade de seus ativos operacionais de geração de energia, incluindo a otimização de parques no Brasil e a melhora dos preços de venda de energia do seu ativo nos Estados Unidos.
Atualmente, a companhia tem cerca de 90% da sua garantia física contratada em 10 anos, e enxerga potencial de aumentar seu lucro bruto em até R$ 500 milhões em NPV (valor presente líquido, na sigla em inglês) por meio de negócios que podem ser fechados até o final de 2024 nos Estados Unidos e no Brasil.
Sinergias no Brasil
Para otimizar os ativos no Brasil, uma das frentes é explorar sinergias entre os parques de Assuruá, cujos 808,1 MW já operava, e Ventos da Bahia, de 182,1 MW e que passou a operar sozinha após acordo com a EDF Renewables. A Serena planeja implementar melhorias na estratégia comercial do parque recém-adicionado, de forma a ampliar a margem de longo prazo.
Além disso, a empresa espera aumentar a rentabilidade do complexo eólico Chuí, com 582,8 MW no Rio Grande do Sul, por meio de um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) que deve ser confirmado nos próximos 90 dias e que trata do fornecimento de 50 MWm por dez anos, além de 70 MW em novos acordos sendo negociados.
Aposta na geração nos EUA
Já nos Estados Unidos, o parque eólico Goodnight 1, de 265,5 MW, a estratégia é aproveitar os preços e a demanda crescentes por energia. “Nós temos visto preços bastante elevados nos Estados Unidos para renováveis, uma demanda crescente, então como nós não temos ainda PPA de longo prazo lá, nós conseguimos fazer uma melhoria potencial de comercialização”, disse o presidente da Serena, Antonio Bastos Filho, em reunião com acionistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2024, realizada nesta sexta-feira, 10 de maio.
No curto prazo, a empresa espera um aumento nos preços no terceiro trimestre do ano, em função das temperaturas mais elevadas no Texas, onde está localizado o parque eólico Goodnight 1. No longo prazo, a demanda deve crescer de forma relevante, segundo o líder de energia e regulação da empresa, Bernardo Bezerra. “Existem hoje cerca de 40 GW de pedidos de nova demanda para entrar nos próximos três, quatro anos. E é uma demanda que não estava mapeada pelo Ercot [operador da rede elétrica do Texas], que ele incluiu nas suas projeções no mês passado”, disse.
A Serena continua buscando investidores para lançar a segunda fase do projeto Goodnight, com outra usina de 265,5 MW. Segundo Bastos Filho, há interessados e no fim do primeiro semestre deve haver uma posição definitiva sobre o assunto.
Plataforma de energia e GD garantem bons resultados
Entre os destaques do trimestre, a Serena mencionou o desempenho da plataforma de energia que comercializa geração distribuída (GD) e energia no mercado livre. No trimestre, a divisão teve receita 30% superior na comparação anual, a R$ 47,9 milhões, com R$ 24,8 milhões de lucro bruto de energia acima do esperado para o período.
A expectativa da empresa é que a plataforma cresça cerca de 50% neste ano e que traga entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões de lucro adicional por ano quando todos os ativos de GD estiverem operacionais. Além disso, há planos de que a plataforma seja lançada também nos Estados Unidos.
Ventos fracos reduziram geração esperada
A geração da empresa no primeiro trimestre de 2024 foi de 1,9 mil GWh, montante 8% superior do que a de 2023 devido ao aumento da capacidade instalada, mas que ficou 13,5% abaixo do esperado pela companhia. Segundo os diretores, o El Niño afetou negativamente a produção, indo na contramão dos efeitos tradicionalmente esperados pelo fenômeno climático na geração eólica.
“Estatisticamente, a chance é alta de que ele melhore, mas existem, na série histórica, anos em que você teve um El Niño com incidência de recurso abaixo da média histórica no Nordeste. Infelizmente, foi o que aconteceu esse ano. A gente fechou com quase 30% abaixo dos Assuruás, na Bahia”, disse Bastos Filho. Apesar disso, os meteorologistas da Serena avaliam que o perfil de vento da região não deve ser alterado no longo prazo.
Ativos no Rio Grande do Sul não foi impactado pelas chuvas
A Serena também informou na teleconferência que o parque Chuí, de 582,8 MW de potência e localizado nos municípios do Chuí e de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, não foi afetado pelas chuvas que atingem o estado.
“A operação seguiu normal, inclusive nós geramos aproximadamente 6 GWh acima da expectativa. A partir de ontem ao meio-dia estiou na região e hoje já está tudo normalizado em termos de acessos. Nossos meteorologistas veem que não terá chuvas na nossa região, então para a nossa operação seguiremos tranquilos”, disse o diretor de operações, Thiago Linhares.
Resultados
No primeiro trimestre de 2024, a Serena teve lucro líquido contábil de R$ 135,5 milhões, revertendo prejuízo líquido contábil de R$ 84 milhões no mesmo período de 2023. Apesar disso, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 104,5 milhões, contra prejuízo de R$ 84 milhões há um ano.
Segundo a diretora financeira Andrea Sztajn, o efeito contabiliza a permuta com a EDF Renewables. “A gente tem um efeito positivo não caixa no resultado de cerca de R$ 241 milhões. A gente expurgou isso no ajuste”, disse. Há, ainda, efeitos relacionados ao Tax Equity do projeto Goodnight.
Em operações, a empresa produziu 1,9 mil GWh de energia, com avanço de 8% na base anual. A capacidade instalada avançou 23%, fechando o trimestre a 2,6 GW instalados.