Serena busca parceiros para expansão de projetos eólicos nos EUA

Maria Clara Machado

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Maria Clara Machado

Publicado

22/Fev/2024 17:42 BRT

Após concluir em 2023 o maior projeto de investimento da companhia, na ordem de R$ 4,5 bilhões e que financiou a expansão de Assuruá e a internacionalização da empresa com o projeto Goodnight, a Serena (ex-Omega) busca parceiros para expandir sua atuação nos Estados Unidos.

A primeira usina, a eólica Goodnight 1, entrou em operação comercial em janeiro de 2024, com capacidade instalada de 265,5 MW e preços médios estimados em US$ 31/MWh. Segundo o presidente da Serena, Antonio Bastos, a ideia é encontrar um comprador para Goodnight 1 ou um parceiro que integre a holding Goodnight 1+2.

“Temos clientes alinhados, planos de engenharia. O que falta é o funding novo”, disse Bastos durante teleconferência com acionistas nesta quinta-feira, 22 de fevereiro.

Assim como a primeira usina, a eólica Goodnight 2 tem capacidade planejada de 265,5 MW.

Burocracia norte-americana surpreendeu

O presidente da Serena avalia que Goodnight 1 foi bem-executado, com investimento de US$ 295 milhões, dentro do esperado. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) projetado para o primeiro ano está entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões.

Como desafios da primeira empreitada nos Estados Unidos, Bastos elenca a dificuldade em contratação de mão-de-obra, que foi contornada com o envio de profissionais brasileiros e contratação local apenas para “posições específicas”.

Além disso, os procedimentos das autoridades reguladoras foram mais burocráticos do que o previsto. “Esperávamos algo mais ágil, mas eles são bem faseados e com tempos mais largos do que a gente esperava. Acho que podemos fazer um trabalho ainda melhor para planejar e antecipar as questões de prazos na interação com autoridades e reguladores norte-americanos”, avaliou.

Em fevereiro de 2024, Goodnight 1 recebeu US$ 184,7 milhões em tax equity do Goldman Sachs, o que possibilitou a amortização dos empréstimos para o projeto.

Para substituir outros desembolsos previstos, a Serena avalia a emissão de debêntures verdes e, provavelmente, de infraestrutura. “Isso tudo deve trazer um montante de R$ 1 bilhão para substituir o que tem em curto prazo, o que equaliza qualquer obrigação que a gente tenha”, disse a diretora Financeira da companhia, Andrea Sztajn.

Resultados do trimestre

A Serena fechou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 145 milhões, o que representa um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2022. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 568,6 milhões, um aumento de 46% em relação a 2022. Considerando todo o ano de 2023, o lucro líquido foi de R$ 62,2 milhões, revertendo prejuízo de 8 milhões de 2023.

No trimestre, o lucro bruto de energia foi de R$ 715,7 milhões, o que representa um crescimento de 45% na comparação anual. A plataforma de energia, por outro lado, alcançou R$ 6,3 milhões de lucro bruto no período, com redução de 39% em relação ao quarto trimestre de 2022.

A produção de energia foi de 2.658,4 GWh, um acréscimo de 29% na comparação anual. Este aumento se deve à entrada em operação de novos parques, com destaque para Assuruá, que contribuiu com 486 GWh e levou o cluster Bahia a um aumento de 110% na comparação anual. Outro destaque foi Goodnight 1, que iniciou sua fase de ramp-up em novembro, com produção de 32,8 GWh.

Impactos do apagão

Em um ano marcado pelos curtailments após o apagão de 15 de agosto de 2023, a Serena avalia que foi pouco impactada pelas restrições de geração. Segundo a empresa, menos de 1% de sua capacidade de geração foi atingida.

Segundo o diretor da Plataforma de Energia e Regulação, Bernardo Bezerra, os maiores cortes da Serena ocorreram nos ativos na Bahia, que têm maior geração à noite, período em que há menos ocorrência de curtailments. Além disso, os cortes na Serena atingiram mais os empreendimentos contratados no mercado livre, o que reduz o impacto econômico das restrições.

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