A participação da autoprodução e da geração distribuída (GD) na geração de eletricidade crescerá de 15% em 2024 para 17% em 2034, com destaque para o maior uso da biomassa e da fonte solar fotovoltaica. A projeção consta no caderno de consolidação de resultados do Plano Decenal de Energia (PDE) 2034, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A elevação será guiada por investimentos no horizonte decenal, que pode contar com cerca de R$ 3,2 trilhões em recursos, divididos em três categorias principais de projetos, com grande participação da indústria de petróleo e gás natural (78%), seguida pela energia elétrica (18,7%).
Elevação da descentralizada
Conforme o estudo, a GD solar apresentará o maior crescimento, saindo de 41 TWh em 2024 para 77 TWh em 2034. Já a biomassa (biogás, bagaço de cana, lixívia e lenha) aumenta de 33 TWh em 2024 para 43 TWh em 2034.
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A geração hidráulica se manterá estável no período de estudo, com chance de sair dos 4 TWh em 2024 para 6 TWh em 2034. Um aumento modesto pode ser visto na geração eólica, atingindo 1 TWh em 2034.
O crescimento da autoprodução e geração distribuída devem ajudar na oferta de eletricidade, que seguirá com a predominância da geração elétrica a partir de fontes renováveis, como hidrelétrica, biomassa, eólica e solar, atingindo um nível médio de renovabilidade de 86,1% ao final do horizonte decenal.
Em contraste, as fontes não renováveis usadas autoprodução e GD também devem crescer, de 37 TWh em 2024 para 46 TWh em 2034.
Crescimento da centralizada
Dentro da geração centralizada, a eólica e a hidráulica apresentaram um crescimento significativo, com as hidrelétricas saindo de 424 TWh em 2024 para 489 TWh em 2034. Para as eólicas, a previsão é 180 TWh em 2034, acima dos 114 TWh de 2024.
O gás natural (15 TWh em 2024 para 62 TWh em 2034), a nuclear (de 14 TWh para 26 TWh) e a solar (de 26 TWh para 61 TWh) também devem apresentar crescimento nesta modalidade, assim como a biomassa, saindo de 37 TWh em 2024 para 44 TWh em 2034.
Por outro lado, o carvão pode cair, saindo de 7 TWh para 5 TWh, assim como outras fontes, que abrangem o biogás, bagaço-de-cana, lixívia e lenha, (de 7 TWh para 6 TWh).
Em termos de geração de eletricidade, a EPE destacou a maior diversificação da matriz elétrica brasileira ao longo do período, com a redução na participação hidrelétrica sendo compensada pelo crescimento da geração eólica e solar.
Outro ponto é a elevação da participação das fontes renováveis em autoprodução e geração distribuída, de 10,3% para 12,1%, mantendo o nível de participação de fontes renováveis na matriz elétrica em patamar elevado ao longo do horizonte.
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R$ 3,2 trilhões em dez anos
Da projeção feita pela EPE, o setor de petróleo e gás natural contam com a maior estimativa de investimento. Dos R$ 3,2 trilhões esperados, cerca de R$ 2,5 bilhões são para o segmento – 78,1% do valor total. A maior parte dos recursos devem ir para a exploração e produção, com R$ 2,35 bilhões.
Para energia, a geração centralizada segue na liderança, com R$ 352 bilhões. Já a geração distribuída, através do micro e minigeração, contará com R$ 117 bilhões.
Em biocombustíveis, unidade de produção de etanol e infraestrutura dutoviária representam a maior parte da estimativa, com R$ 67 bilhões.
Oferta e disponibilidade
O caderno apresenta perspectivas positivas para a evolução do setor energético brasileiro. A Oferta Interna de Energia (OIE) da matriz pode crescer a uma taxa média de 2,2% ao ano, alcançando 394,3 milhões de toneladas equivalente de petróleo (tep) em 2034. A sigla Tep é usada para permitir a comparação de diferentes fontes de energia.
Para a geração de energia elétrica, a EPE projeta uma evolução a uma taxa média de 3,3% ao ano, chegando em 2034 com uma oferta estimada de 1.045,3 TWh
Também é esperado um aumento na disponibilidade de energia por habitante no Brasil, com a OIE per capita passando de 1,45 tep/hab para 1,72 tep/hab no período de 2024 a 2034.
No âmbito do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7, que visa garantir energia limpa e acessível, a estimativa é que, até 2030, a participação de energias renováveis na matriz energética nacional permaneça próxima de 50% ao longo de todo o horizonte projetado.