Carvão

Descarbonização da China deve elevar pressão sobre preços internacionais de gás

As crises energéticas recentes na Europa e na Ásia serviram de alerta para os desafios da transição energética, devido à demanda ainda existente por combustíveis fósseis, mas sobretudo sinalizaram uma disputa mais acirrada pelo gás natural, entre o mercado europeu e a China, o que deve resultar em preços mais elevados do energético. “A China, daqui para a frente, cada vez mais vai querer mais gás [natural], porque ela quer reduzir a participação do carvão [na matriz energética]. O carvão é essencial para a China. Mas, daqui para frente, quanto mais ela puder transitar para o gás natural, ela vai fazer”, afirma Rodrigo Novaes, analista da consultoria PSR que fez um amplo acompanhamento da crise ocorrida nos últimos meses na Europa e na Ásia. Segundo ele, as crises nos dois continentes ocorreram por fatores diferentes, mas foram provocadas por problemas de mercado, basicamente menor oferta e maior demanda. O fato de elas terem se agravado no último trimestre, em paralelo às discussões da 26ª

Descarbonização da China deve elevar pressão sobre preços internacionais de gás

As crises energéticas recentes na Europa e na Ásia serviram de alerta para os desafios da transição energética, devido à demanda ainda existente por combustíveis fósseis, mas sinalizaram principalmente uma disputa mais acirrada pelo gás natural, entre o mercado europeu e a China, o que deve resultar em preços mais elevados do energético.

“A China, daqui para a frente, cada vez mais vai querer mais gás [natural], porque ela quer reduzir a participação do carvão [na matriz energética]. O carvão é essencial para a China. Mas, daqui para frente, quanto mais ela puder transitar para o gás natural, ela vai fazer”, afirma Rodrigo Novaes, analista da consultoria PSR que fez um amplo acompanhamento da crise ocorrida nos últimos meses na Europa e na Ásia.

Segundo ele, as crises nos dois continentes ocorreram por fatores diferentes, mas foram provocadas por problemas de mercado, basicamente menor oferta e maior demanda. O fato de elas terem se agravado no último trimestre, em paralelo às discussões da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climática (COP 26), provocou um alerta com relação aos efeitos econômicos oriundos de uma eventual aceleração da transição energética.

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“O problema [das duas crises] não foi a taxação de fontes poluentes. Foi um problema de fundamentos mesmo. Um problema de mercado”, explicou Rodrigo, em entrevista à MegaWhat. “Mas o argumento que se faz muito hoje é relativo ao desinvestimento nessas indústrias de base para o mundo inteiro, que depende muito de carvão”, completou.

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Segundo ele, a crise na Europa ocorreu principalmente por uma menor oferta de gás natural, o que tem provocado uma elevação dos preços do produto e da energia elétrica. Na prática, o mercado europeu depende do suprimento do gás natural pela Rússia. “A nível europeu, em geral, o armazenamento de gás caiu bem abaixo da média dos últimos dez anos e está no segundo pior [nível] dos últimos dez, 15 anos”, explicou Rodrigo

A expectativa, afirmou ele, é de continuação da pressão sobre os preços de gás natural na Europa, com a intensificação do inverno no Hemisfério Norte. Um fator determinante, neste momento, será uma definição com relação ao gasoduto Nordstream 2, que está pronto e poderá ampliar a oferta de gás da Rússia para a Europa, via Alemanha.

Em novembro, reguladores alemães, porém, suspenderam temporariamente a aprovação do Nordstream 2, devido a uma estrutura empresarial utilizada pelos desenvolvedores russos para viabilizar o negócio, que viola as leis de desverticalização na União Europeia. A notícia da suspensão provocou um aumento de 15% dos preços do gás, na ocasião.

Rodrigo destaca ainda o efeito que esse desequilíbrio gerou para o mercado de energia elétrica do Reino Unido, onde várias comercializadoras faliram. Em um mercado totalmente liberalizado, muitas comercializadoras operavam expostas ao preço de curto prazo e, com a alta repentina dos valores da energia, não conseguiram pagar pela energia para honrar seus contratos.

Os consumidores dessas empresas passaram a ser supridos por outras comercializadoras, que, para atendê-los, tiveram que comprar energia no mercado de curto prazo. Nesse caso, esse custo adicional foi repassado para todos os consumidores, gerando um novo aumento nos preços de energia no Reino Unido.

Com relação à China e Índia, Rodrigo lembra que o motivo e as consequências da crise energética foram outros. Em ambos os países houve problemas na produção da cadeia de suprimento de carvão, o que afetou a oferta do insumo. Diferentemente da Europa, em que o principal problema foi o salto dos preços do gás natural, na China e na Índia o efeito mais perverso foi a falta de energia elétrica, o que provocou blecautes nos dois países.

Segundo o analista da PSR, a questão nos dois países, porém, já foi equacionada principalmente com um aumento da oferta de carvão, inclusive com importação da Austrália. Para o futuro, porém, a China planeja reduzir sua dependência do carvão, ampliando o consumo de gás natural, o que deverá pressionar o mercado, causando aumento de preços e afetando inclusive o mercado europeu.

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