O conselho de administração da Eneva comunicou na noite de ontem (21 de abril) que decidiu terminar as tratativas para fusão com a AES Tietê, encerrando antes do esperado um dos poucos negócios que resistia aos efeitos da pandemia do coronavírus (covid-19).
O motivo alegado pela companhia foi o posicionamento da americana AES, controladora da AES Tietê, que enviou uma carta no dia 20 de abril indicando que não iria reconhecer o direito de voto dos acionistas preferenciais. Segundo a Eneva, isso descumpriria o estatuto social da AES Tietê e também o regulamento do Nível 2 de governança da B3.
“No entendimento da Eneva, a operação não deveria seguir, nesse momento, em meio a um provável embate acerta dos direitos dos acionistas titulares de ações preferenciais da AES Tietê e os interesses do acionista controlador daquela companhia”, diz o comunicado da Eneva.
Apesar de retirar a oferta, a Eneva não abandonou a operação sem criticar o posicionamento do conselho da AES Tietê, que informou no domingo (19) a não aprovação do negócio, alegando que não seria vantajoso aos seus acionistas. Foram rebatidos, por exemplo, os valores presumidos pela Eneva como sinergias da combinação dos negócios.
Enquanto a AES Tietê se queixou que o valor proposto na transação (uma parte em ações da nova companhia e uma parte em dinheiro), por subavaliar a empresa, a Eneva criticou o desempenho da AES Tietê nos últimos anos, apontando que a companhia não se destacou das demais geradoras de energia do país a despeito de ter investido mais de R$ 3 bilhões no período.