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O Brasil alcançou 37,26 GW de potência instalada em geração distribuída (GD) nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, sendo 36,98 GW derivados da fonte solar fotovoltaica.
Segundo dados Sistema de Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica, o volume representa um crescimento de 480 MW em relação ao dia 27 de janeiro, quando o sistema chegou a 36,78 GW.
No total, o país tem 3,3 milhões em sistemas de GD, com as residências brasileiras lideram o número de equipamentos, com 18,28 GW. Também concentram os equipamentos estabelecimentos comerciais (10,69 GW), instalações rurais (5,11 GW) e indústrias (2,69 GW).
Entre os estados, São Paulo lidera com 5,37 GW, seguido por Minas Gerais (4,64 GW), Paraná (3,32 GW), Rio Grande do Sul (3,29 GW) e Mato Grosso (2,42 GW).
Já nas modalidades, a Geração própria lidera com 27,53 GW, seguida por autoconsumo remoto (8,19 GW) e geração compartilhada (1,53 GW).
Potencial e desafios
De acordo com a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a GD pode ter crescimento de 20% na potência instalada em 2025, o que representaria, segundo a entidade, mais de R$ 25 bilhões em investimentos privados e a geração de mais de 100 mil novos empregos.
Por meio de nota, a entidade rebateu questionamentos sobre o impacto do crescimento expressivo da geração distribuída na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), especialmente em relação ao curtailment – cortes de geração.
“A GD é a única forma de geração que nasce atrelada à demanda real do consumidor final, ajudando a mitigar problemas no sistema elétrico. O verdadeiro motivo dos cortes de geração no Brasil é a falta de planejamento e a limitação estrutural das redes de transmissão, problemas que não têm qualquer relação com a geração distribuída”, afirmou Carlos Evangelista, presidente da ABGD.
Para ele, atribuir os custos do curtailment à GD mascara desafios enfrentados pela geração centralizada.
Como a geração distribuída não é despachada centralizadamente, especialistas afirmam que seu crescimento ajuda a aumentar a sobra de energia em determinados horários e regiões, contribuindo com os cortes, que só afetam os geradores centralizados. Por isso, muitos defendem que a GD também seja cortada, para que os efeitos hoje concentrados sobre os grandes projetos sejam minimizados.
>> Com alta da MMGD, curtailment pode chegar a 40 GW em 2029
Cortes nas renováveis
Conforme balanço da Volt Robotics, contratada pelas renováveis, a quantidade de cortes na geração das usinas solares e eólicas atingiram um patamar de 400 mil horas ao longo de 2024 – equivalente a 50 anos em horas cortadas nos empreendimentos renováveis em operação no Brasil somente nos últimos 12 meses.
Ao todo, o balanço calcula que foram 1.445 usinas solares e eólicas sofreram corte nas gerações em determinadas horas dos dias, sendo que a região Nordeste foi a mais afetada, com 330 mil horas frustradas, que representam 75% do total no Brasil. Os estados mais afetados foram Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia, respectivamente.
Ao avaliar as razões dos cortes, o relatório aponta que cerca de 65% estão relacionados com problemas na rede elétrica, que incluem dificuldades na infraestrutura de transmissão, além de possíveis instabilidades que poderiam ser causadas pela geração e eventuais falhas nos equipamentos.
Outros 35% dos cortes tiveram motivação relacionada entre a diferença da oferta e demanda de carga instantânea. Segundo análise da Volt Robotics, a maior oferta do que demanda acontece de maneira mais recorrente nos finais de semana, quando boa parte das empresas está fechada ou operando de forma mais pontual e reduzida. Já os prejuízos financeiros no último ano podem ter chegado a R$ 1,6 bilhão aos geradores, segundo as estimativas da consultoria