A consultoria Greener avalia que o mercado de geração distribuída mostrou sinais de recuperação após a desaceleração de 2023, registrando crescimento no volume de instalações. Após uma queda na representatividade da potência adicionada no ano passado (47%), a classe residencial voltou a se destacar em 2024 (56%).
Segundo a consultoria, a queda nos custos dos módulos no 1º semestre, somada às melhores condições de financiamento bancário, que apoiou 51% das vendas, impulsionaram um contexto em que a classe residencial voltou a crescer em potência instalada.
Apesar dos avanços, a Greener classifica como desafios relevantes as reprovações de orçamentos de conexão por alegação de inversão de fluxo destacaram-se como um dos temas mais debatidos do ano. “O setor ainda aguarda definições mais amplas relacionadas ao Projeto de Lei nº 624/2023, que pode aprimorar a legislação e reduzir restrições indevidas à injeção de energia”, diz a empresa.
O projeto prevê que o Programa Renda Básica Energética (Rebe) deve substituir gradativamente o subsídio destinado à tarifa social de energia elétrica (TSEE) pela energia gerada em usinas solares, beneficiando os consumidores de baixa renda com consumo até 220 kWh/mês.
Para financiar os projetos do Rebe, a medida permite o uso do orçamento da União, seja por meio de transferência à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (Enbpar) com sua capitalização, seja por transferência à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que deve passar por alterações no texto para permitir o uso dos recursos para geração fotovoltaica.
A Greener também chama a atenção para o aumento da alíquota de importação de módulos, de 9,6% para 25%, anunciado em novembro pelo governo. Análises da Greener apontam que a elevação da tarifa pode resultar em alta de 8% no capex dos projetos de geração centralizada, e desafiar a rentabilidade dos ativos diante do cenário de preços no mercado de energia.
Ano histórico para solar
Considerando a nacionalização de módulos fotovoltaicos, o levantamento da consultoria que até outubro o volume já superava o montante total de 2023, de 18 GW. A estimativa, até o fim do ano, é que esse valor atinja os 22 GW.
O ano também se mostrou aquecido para as fusões e aquisições (M&A) no setor fotovoltaico. O primeiro trimestre foi marcado por muitas transações na modalidade de GD, com destaque para o estado de Minas Gerais. Grande parte das usinas encontravam-se em construção, ou ainda não iniciada, e entre as movimentações empresariais, gestoras de energia se destacaram como as empresas mais investidas.
Ainda de acordo com o levantamento da Greener, no segundo trimestre, o ambiente de geração centralizada se destacou, com aquisições de usinas fotovoltaicas impulsionadas por participações acionárias, principalmente para atuação no regime de autoprodução por equiparação.
2024 aponta um aumento de 89% nas transações até setembro, em comparação ao mesmo período de 2023. Entre julho e setembro, a maioria das aquisições foi de usinas em desenvolvimento no segmento de geração distribuída. Análises parciais da consultoria apontam que o quarto trimestre vem demonstrando um forte ritmo.