Além de sofrer com impactos dos cortes deliberados na geração de energia (conhecidos pelo termo em inglês “curtailment”), os empreendimentos da fonte solar fotovoltaica também estão sendo afetados pelos custos da chamada modulação: a geração se concentra ao longo do dia, quando os preços de energia são mais baixos, e há exposição nos demais horários em que não há insolação, mas os preços são mais elevados pela queda na geração de energia.
O assunto foi discutido no Utilities CEO Conference, realizada pelo Itaú BBA nos dias 1º e 2 de outubro, com a participação executivos de diversas empresas do setor de energia. Segundo relatório sobre o evento enviado pelo banco a clientes, Copel e Neoenergia estimam que o custo médio da modulação da fonte solar atualmente é de cerca de R$ 20/MWh, considerando um contrato de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) flat, ou seja, com entrega da mesma quantidade de energia durante todo o dia.
Por isso, segundo a Neoenergia, os PPAs da fonte solar precisam ter um preço mais elevado que a eólica, já que a curva típica de geração da eólica é diferente e não se concentra durante o pico de geração do sistema. Os executivos da companhia disseram que um projeto novo da fonte solar fotovoltaica precisa ter a energia precificada a no mínimo R$ 190/MWh, enquanto um empreendimento eólico precisaria sair a R$ 175/MWh.
Os executivos da Copel disseram que esperam que esse custo cresça, dada a perspectiva de crescimento ainda maior da geração desta fonte, o que tende a pressionar os preços no horário máximo de geração.
O desafio da fonte solar está relacionado ao crescimento expressivo da geração distribuída nos últimos anos. Como a GD é abatida da carga, há menos consumo para ser atendido no mesmo momento em que a geração solar centralizada atinge o pico de produção durante o dia, pressionando os preços ao piso.
Um empreendimento que tenha vendido energia flat a um consumidor precisará utilizar ferramentas de mercado para garantir a entrega, o que significa ficar exposto aos horários em que os preços sobem consideravelmente. Esse é o chamado custo da modulação da fonte solar, que tende a ficar mais alto conforme a geração solar instalada aumente.
As hidrelétricas, por sua vez, devem ser mais competitivas nesse cenário, já que continuarão sendo ferramentas para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) lidar com a rampa de saída da solar. Executivos da Eletrobras que participaram do evento do Itaú disseram que a energia hídrica deve ter um prêmio quando comparada a solar, segundo o relatório do banco.
