A Thymos Energia projeta que os investimentos totais em infraestrutura de data centers no país cheguem a R$ 60 bilhões até 2030. O dado faz parte do estudo “Data Centers no Brasil – Perspectivas, Oportunidades e Desafios” lançado pela empresa sobre o potencial de desenvolvimento deste mercado.
Entre as razões, está o fato de o Brasil ter um ambiente de negócios dinâmico, com uma matriz elétrica composta predominantemente por fontes renováveis, com destaque para a hidráulica, eólica e solar fotovoltaica.
“A energia elétrica segura, estável e de baixa emissão é um dos aspectos fundamentais na determinação da localização de um data center”, avalia Jovanio Santos, diretor de Novos Negócios da Thymos Energia.
O executivo complementa que há diversos outros fatores para expansão de data centers no país, como a proximidade da rede elétrica, infraestrutura de TI e comunicação, capacidade de expansão, ambiente amigável de negócios, relações com a comunidade, segurança geopolítica e temperatura externa. “O cenário de crescimento desse novo nicho no Brasil revela uma excelente oportunidade para agentes de geração e de comercialização de energia”, diz Jovanio.
Segundo o white paper da Thymos Energia, para aproveitar todo esse potencial de mercado, os agentes precisarão tomar decisões com base em análises antecipadas, considerando cenários de estratégia na gestão de processamento e armazenamento de dados; premissas de novas políticas de incentivo; estratégias de atuação dos principais players no segmento e cenários de eficiência energética de componentes utilizados.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), até o momento, há o pedido de conexão à rede básica de 9 GW de cargas de data centers nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. De forma geral, essas infraestruturas desempenham um papel crucial no funcionamento no mundo digital, possibilitando o processamento, armazenamento e transmissão de dados que sustentam o dia a dia de bilhões de pessoas no mundo e impulsionam o crescimento econômico. Atualmente o Brasil conta com mais de 130 data centers em operação.
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Renováveis e data centers no Brasil
E os anúncios de parcerias no país continuam em crescimento. Entre eles, o mais recente, foi da Atlas Renewable e da Atiaia Energia que, em novembro, assinaram um contrato de 15 anos no modelo de autoprodução com a empresa de soluções de infraestrutura em telecomunicações V.tal, controlada por fundos de investimentos do BTG Pactual.
A Serena Energia ampliou sua parceria de fornecimento de energia eólica para a Odata, provedora de data center, que fornece infraestrutura nas Américas, além de fornecimento para a Scala Data Centers.
Em setembro, a Scala Data Centers anunciou projeto no Rio Grande do Sul que terá demanda inicial de 54 MW, com potencial de chegar a 4.750 MW quando estiver plenamente desenvolvido. No mesmo dia, a AWS, braço de computação em nuvem da Amazon, anunciou que vai investir R$ 10,1 bilhões (cerca de US$ 1,8 bilhão) no Brasil até 2034 para expandir, construir, conectar, operar e manter data centers no país.
Em agosto, o Porto do Açu assinou acordo para estudo sobre a implementação de data centers de até 1 GW no Rio de Janeiro.
Crescimento da demanda global
No mundo, o consumo de energia elétrica dos data centers em 2022 foi estimado entre 240 e 340 TWh, o que representa em torno de 1% a 1,3% do total de eletricidade consumida globalmente, excluindo as atividades de mineração de criptomoedas e rede de dados. Considerando esses dois segmentos, os números sobem para 460 TWh, chegando a 2% do consumo global total no mesmo período.
A depender do grau de implementação, melhorias de eficiência energética e das tendências das criptomoedas e da inteligência artificial, a projeção de consumo adicional pode variar de forma significativa entre 160 TWh a 590 TWh até 2026 – seriam valores de consumo de eletricidade anual médio de uma Suécia até uma Alemanha.
A demanda total de eletricidade entre todos os setores pode crescer cerca de 6.760 TWh no mundo até 2030, sendo que 80% dessa expansão virá de nações em desenvolvimento e economias emergentes. O estudo da Thymos Energia indica que cerca de 10% dessa demanda será de data centers.
Contudo, vários aspectos podem influenciar as projeções, como a concentração da cadeia de suprimentos, oportunidades de eficiência energética (tanto em hardware como em software), aspectos da conexão dos data centers à rede elétrica, e aspectos relacionados à política e regulação do segmento.
“A tendência é de crescimento no consumo de energia, em que o setor de data centers terá uma boa representatividade. Porém, é importante ao Brasil considerar experiências internacionais, e seus aprendizados, e ser ágil para antever gargalos e aproveitar as futuras oportunidades”, conclui Jovanio.