LRCap tem data

Entra carvão, sai biocombustível: LRCap é dividido em dois e fica para março

Complexo de Parnaíba, da Eneva, tem duas usinas que agora poderão participar do leilão, já que seus contratos atuais terminam em 2027.
Complexo de Parnaíba, da Eneva (Divulgação)

O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou as portarias nº 859 e 860 com a proposta de consulta pública para dois leilões de reserva de capacidade (LRCap) em 2026, com prazo de contribuição de 20 dias, e realização esperada para março do próximo ano.

As portarias estabelecem a realização de dois leilões, o primeiro, para projeto de termelétrica a carvão existente, usinas a gás natural novas e existentes, e hidrelétricas. No segundo, a disputa será para térmicas a diesel e óleo combustível existentes.

Com a separação, a MegaWhat apurou que a expectativa é que questões que levaram à judicialização do edital anterior do leilão não ocorram: fator de flexibilidade para as térmicas a gás em ciclo combinado e biocombustíveis, assim como para usinas a óleo e gás natural – agora separadas em leilões diferentes.

Divisão do leilão, produtos e malha de gasodutos

Para o primeiro certame, os produtos também foram divididos, com usinas já conectadas à malha de gasodutos, e usinas sem contratos.

Além disso, a proposta prevê para o produto 2026/2027, com gás natural existente e carvão mineral na malha e, para o produto 2028, 2029 e 2030, sem contratos na malha de gasodutos, usinas a gás existentes e novas e existentes para o carvão mineral.

As usinas a gás natural, existentes ou novas, assim como àquelas a carvão mineral existente, concorrem para os anos de 2026 a 2030.

O produto de expansão de capacidade hidrelétrica terá preferência para contratação em 2030.

O tempo de contrato para as usinas a diesel e óleo combustível será de três anos.

Judicialização do LRCap

A judicialização do leilão de reserva de capacidade (LRCap) que aconteceria em junho deste ano levou o MME a cancelar o certame. Embora o governo tenha sinalizado que uma nova consulta seria instaurada de forma célere, num prazo de contribuições mais curto, o assunto levou cerca mais de quatro meses para retornar à pauta.

Na proposta, esperava-se uma solução nas regras do leilão para o fator ‘a’, critério de flexibilidade adotado no produto de disponibilidade de potência a ser contratada. Para o MME, havia risco de judicialização também do resultado do leilão, já que havia dois grupos política e economicamente fortes envolvidos na disputa.

De um lado, o segmento dos biocombustíveis, que buscava contratar no certame termelétricas que antes utilizavam óleo combustível, e são apoiadas pela Frente Parlamentar Agropecuária. O outro lado envolve as grandes operadoras de gás natural, incluindo a Petrobras.

Sem o biocombustível, que pleiteou e conseguiu um preço-teto mais elevado na disputa, a pasta espera “solucionar a questão” do embate com o gás natural. Do outro lado, outro motivo que poderia gerar embates, seria a disputa entre usinas que utilizam óleo combustível e a gás natural, e que, separadas em leilões, não devem levar o tema à Justiça.

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