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Leilão A-5 negocia 860,8 MW de potência; fonte solar tem o menor deságio do dia

Leilão A-5 negocia 860,8 MW de potência; fonte solar tem o menor deságio do dia

O leilão A-5 de geração de energia contratou 860,8 MW de potência, ao preço médio de R$ 238,37/MWh. A garantia física dos projetos contratados soma 375 MW médios. No total, os 25.145 GWh negociados representam R$ 5,9 bilhões ao longo da duração dos contratos. Invertendo o que era realidade nos leilões de geração nova até 2019, a fonte solar fotovoltaica foi o menor deságio do dia.

Entre as fontes, foram contratados uma hidrelétrica, 11 parques eólicos, 20 projetos de geração solar fotovoltaica, sete usinas termelétricas a biomassa, e a grande novidade que foi uma usina termelétrica a partir de resíduos sólidos urbanos. 

Na fonte hídrica, foi contratada a hidrelétrica São Roque, em Santa Catarina, que tem 141,9 MW de potência e 91,3 MW médios de garantia física. O leilão contratou 27,8 MW médios da usina ao preço de venda de R$ 174,27/MWh, que representaria deságio de 45,54% em relação ao preço máximo que tinha sido estabelecido, de R$ 320/MWh. Contudo, como se trata de um projeto com outorga e contrato, o preço representou deságio nulo em relação ao preço teto que havia sido estabelecido para empreendimentos dessa categoria.

Na fonte eólica, foram contratados projetos que somam 161,3 MW de potência e 71,2 MW médios de garantia física. Os contratos representam 27,8 MW médios da garantia física total desses empreendimentos. Todos os projetos ficam no Nordeste, e o preço médio da fonte foi de R$ 160,36/MWh, deságio de 16,04% em relação ao preço teto de R$ 191/MWh.

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O empreendimento Serra das Vacas B fica em Pernambuco. As centrais Morro 1 e 2 e Ventos de Santa Luzia 11, 12 e 13 ficam na Bahia. Já os projetos Ventos de São Rafael 1, 2, 3, 4 e 5 ficam no Rio Grande do Norte.

Na fonte solar fotovoltaica, os projetos contratados somam 236,4 MW de potência e 62,2 MW médios de garantia física. Foram contratados 30,3 MW médios dessa garantia física total disponível. O preço médio ficou em R$ 166,89/MWh, desconto de 12,62% ante o máximo de R$ 191/MWh.

Os projetos Bom Jardim I e III ficam no Ceará. Também ficam no Nordeste, no Piauí, os projetos Raio de São Francisco V e VI. Já os projetos Lins 1 a 8 e Panorama 1 a 8 ficam em São Paulo.

As usinas térmicas a biomassa contratadas somam 301,2 MW de potência, sendo 209,4 MW de potência injetada. A garantia física dos empreendimentos é de 131 MW médios, e foram contratados 53,1 MW médios. O preço médio dos projetos é de R$ 271,26/MWh, desconto de 25,68% ante o preço máximo de R$ 365/MWh.

Uma usina, a Sorriso, foi contratada no Mato Grosso, a cavaco de madeira, enquanto todas as demais usinas são movidas a bagaço de cana-de-açúcar. Apenas a CVW Energética fica no Nordeste, em Alagoas. As demais ficam no Sudeste. 

Por fim, foi contratada uma usina de 20 MW de potência de geração a partir de resíduos sólidos urbanos, com garantia física de 16 MW médios, e contratação de 12 MW médios. O preço é de R$ 549,35/MWh, deságio de 14,03% em relação ao preço máximo, que era de R$ 639/MWh. A usina, chamada de Barueri, fica em São Paulo. O projeto pertence à Orizon.

Compradores

Compraram energia no certame as distribuidoras Celpa e Cemar, da Equaltorial Energia, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light.

A maior contratação veio da Light, que ficou com 61,41 MW médios dos 151 MW médios contratados hoje, representando 40,66% do total negociado no certame.

A Celpa arrematou 29,5 MW médios, representando 19,52% da demanda total do dia. A Cemar ficou com 21 MW médios, 13,93% da demanda. 

Entre as distribuidoras da CPFL, a Jaguari ficou com 22,7 MW médios, 15% do total contratado hoje, e a Paulista contratou 16,2 MW médios, 10,77% da demanda total do leilão.

Edital

O edital do leilão previa a negociação de produtos provenientes de novos empreendimentos de geração hídrica, eólica, solar e térmicas que utilizam como combustíveis resíduos sólidos, carvão mineral ou gás natural. Os contratos terão início de suprimento em janeiro de 2026 e duração de 15 anos até 25 anos, a depender do tipo de fonte. 

Para a fonte hidráulica, a contratação é por quantidade e a duração 25 anos. Eólica e solar fotovoltaica também estão na modalidade quantidade, mas com duração de 15 anos. As termelétricas a biomassa, carvão, gás natural e resíduos sólidos urbanos serão contratadas por disponibilidade, com prazo de 20 anos.

Foram cadastrados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 1.695 projetos, totalizando 93,8 GW de potência. 

No último leilão de longo prazo, do tipo A-6, realizado em 2019, foram contratados 1.155 MW médios de garantia física, ao preço médio de R$ 193/MWh. A MegaWhat Consultoria estimava que existia espaço para contratação de uma demanda consideravelmente reduzida no certame de hoje, de 400 MW médios a 600 MW médios.

A análise da consultoria apontava para muitas incertezas do lado da oferta e da demanda, como a abertura do mercado livre, a evolução da geração distribuída, a indefinição sobre a destinação da parte paraguaia da energia de Itaipu e a descotização das usinas da Eletrobras, que poderão ser recontratadas tanto no mercado cativo quanto no livre.

Além disso, as distribuidoras ainda terão oportunidade de contratar energia em leilões A-3 e A-4 e de participar do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD), em horizontes mais próximos da realização da carga. 

“O leilão emergencial deve ter uma demanda maior do que o leilão A-5, porque o intuito é colocar oferta rápida no sistema independentemente da necessidade contratual das distribuidoras”, disse Ana Carla Petti, presidente da MegaWhat Consultoria, se referindo ao leilão de reserva emergencial previsto para outubro, no qual a definição da demanda partirá do governo, e não das distribuidoras.

(Atualizado às 12h45, em 30/09/2021)