
O tema da energia é uma das “maiores frustrações” do CEO da siderúrgica Gerdau, Gustavo Werneck, que disse nesta quarta-feira que a companhia vem sofrendo cortes de geração em um parque solar em Minas Gerais de cerca de 70%, informa a Folha de S. Paulo.
Os chamados “curtailment”, um dos principais problemas do setor elétrico brasileiro, acontece por limitações impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às usinas eólicas e solares, por razões operativas como gargalos na rede de transmissão de energia e outros fatores.
Eles impõem prejuízos financeiros milionários às geradoras, mas também têm atingido os chamados autoprodutores, como a Gerdau, que opera o parque solar Arinos, localizado na cidade de mesmo nome de Minas Gerais, em parceria com a Newave Energia. O complexo, inaugurado em meados deste ano, contou com investimentos de R$1,5 bilhão.
“Na energia solar, colocamos mais de R$ 1,5 bilhão nos últimos anos em parques solares, tem um parque no interior de Minas com mais de 750 mil painéis solares, aloco o capital, busco dinheiro… aí vem o operador do sistema e começa a cortar meus parques”, disse Werneck, durante evento realizado nesta quarta-feira (10) em São Paulo.
Segundo ele, o parque está “operando com curtailment de 70%”.
“Tenho dificuldade de entender por que o Brasil no momento está despachando térmica a carvão e a gente não consegue operar os parques totalmente renováveis”, afirmou.
Para o executivo, a situação espelha que uma das “grandes dores de cabeça que o industrial, que o empresário do Brasil segue tendo, é o tema de energia”.
Ele comentou também que a Gerdau fez “grande investimento” para produzir todos os aços necessários para a indústria de energia eólica, da base do aerogerador até o eixo principal, e agora “esta indústria acabou”, referindo-se aos produtores de equipamentos que deixaram o Brasil.
Weg investe em novo centro para assistência técnica de veículos elétricos em São Bernardo
A Weg deu um novo passo em sua estratégia para mobilidade elétrica e vai investir R$ 12 milhões na construção do Weg eMobility Center, em São Bernardo do Campo (SP). A empresa já produz e vende componentes para veículos elétricos, como ônibus e caminhões, e agora terá o centro de assistência técnica e reciclagem. A previsão de conclusão da obra é para o segundo semestre de 2026. A informação é do Estadão.
A unidade servirá de referência para a criação de outras pelo País. Enquanto a primeira é feita totalmente pela empresa, as próximas serão em parceria com prestadores de serviços locais que já integram a rede de parceiros da companhia — o que deve reduzir o custo de unidades futuras.
O centro executará serviços como troca de componentes, especialmente de ônibus elétricos. As baterias desses veículos também serão reutilizadas, em um programa de teste, para armazenamento de energia elétrica, após a autonomia delas chegar a 80% do total.
A escolha por São Bernardo do Campo se deu devido ao número de veículos elétricos na capital paulista. São hoje mais de 800 ônibus elétricos na frota da cidade, 6% do total, entre os quais mais de 60% têm peças da Weg, como motores, baterias e inversores. A expectativa da empresa é fornecer equipamentos elétricos para cerca de 300 ônibus este ano e mais de 500 no próximo ano.
Iberdrola comprará participação da Previ na Neoenergia por US$ 2,20 bilhões
A Iberdrola concordou em comprar a participação da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) na Neoenergia, sua subsidiária brasileira, por aproximadamente 1,88 bilhão de euros (US$ 2,20 bilhões) em um acordo que aumenta seu controle sobre sua subsidiária brasileira. A informação é da agência Dow Jones, republicada pelo Valor Econômico.
A multinacional espanhola do setor de energia anunciou nesta quinta-feira que concordou em comprar a participação de 30,29% da Previ na empresa. Após a transação, a Iberdrola controlará 83,8% da Neoenergia.
A operação ainda depende de aprovações regulatórias e deve ser concluída nos próximos meses.
A Neoenergia é uma das maiores distribuidoras de energia do Brasil, atendendo cerca de 40 milhões de pessoas por meio de cinco distribuidoras regionais e 18 linhas de transmissão. A empresa também possui 3.800 MW de geração renovável, principalmente de origem hidrelétrica
Antes do acordo, havia especulações sobre um possível fechamento de capital da Neoenergia, o que gerou tensão entre Iberdrola e Previ. A Previ chegou a afirmar publicamente que não havia recebido proposta formal de compra e reiterou seu compromisso com a transparência e boa governança.
O acordo deve ser concluído no quarto trimestre de 2025.
MPF-RJ pede reconsideração sobre prorrogação da Enel Rio
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro entrou com ação pública pedindo que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reconsidere a decisão de recomendar à União a prorrogação da concessão da Enel Rio (RJ) sem licitação, por mais 30 anos. O MP quer que a agência se abstenha de prorrogar o contrato e que a diretoria realize nova deliberação.
De acordo com a publicação do Canal Energia, a meta é demonstrar na ação que o posicionamento da Aneel violou a legislação e o decreto com as regras para o processo. Segundo o MP, a agência se omitiu de definir os critérios para a prorrogação, algo que estava previsto no decreto. A ação questiona ainda o alto número de eventos expurgados, aqueles que não entram na aferição dos índices de qualidade. Segundo o MP, isso seria contraditório.
“Resta claro, portanto, que ofende o arcabouço jurídico da concessão – e a própria lei 8.987/95,que define serviço adequado – que a agência reguladora se limite a exigir requisitos mínimos e inócuos para a providência excepcional de prorrogar um contrato de concessão, sem licitação, por mais 30 anos”, diz o texto da ação.
Omissão da Aneel
O MP diz ainda que a Aneel se omitiu do seu papel de regulador. A agência recomendou a prorrogação do contrato à União com base em requisitos insuficientes frente ao próprio texto legal. O voto-vista do então diretor Fernando Mosna também é citado pelo MP. Ele pediu a adoção de outros critérios já usados em situações similares. Nessas condições, a renovação da concessão não é recomendada.
A multa de R$54 milhões aplicada por insuficiência da resposta e da demora em atender às interrupções de fornecimento também não passa incólume pelo MP. Assim, alegação da própria agência que a distribuidora não estava prestando um “serviço adequado”, também foi um ponto revisitado.
Câmara adia votação da MP do setor elétrico que prevê ampliação da Tarifa Social
A votação da Medida Provisória 1.300, que cria um novo modelo para o programa Tarifa Social, voltado para famílias de baixa renda, foi adiada nesta quarta-feira (10), após o texto ser retirado da pauta do plenário da Câmara dos Deputados. A proposta garante gratuidade de até 80 quilowatts-hora (kWh) por mês para beneficiários do programa e, se aprovada, irá beneficiar cerca de 18 milhões de pessoas.
A perspectiva, segundo parlamentares sinalizam nos bastidores, é que a matéria será analisada apenas na próxima terça-feira (16) nos plenários da Câmara e do Senado, às vésperas da medida caducar. A matéria precisa ser aprovada pelo Congresso até a próxima quarta (17) ou perderá a validade, o que coloca em risco o novo modelo da Tarifa Social.
Ao longo dos últimos dias, parlamentares se movimentaram para a aprovação de uma versão ainda mais enxuta do que a validada pela comissão mista na semana passada. Para viabilizar a votação, o relator, deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), ex-ministro de Minas e Energia, chegou a sinalizar que poderia retirar alguns trechos do parecer.
Segundo apurou o Valor, o relator manteria a mudança na Tarifa Social, alterações nos horários referentes aos benefícios para o setor de irrigação e o dispositivo que permite a repactuação de parcelas a título de Uso do Bem Público, um pagamento feito anualmente pelas hidrelétricas. A medida visa destinar recursos para atenuar reajustes tarifários
A estimativa é que a medida possa arrecadar mais de R$ 6 bilhões em favor dos consumidores. Esses recursos seriam usados exclusivamente para fins de modicidade tarifária, em 2025 e 2026, para consumidores regulados em áreas de atuação das Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que também abrange partes de Minas e Espírito Santo, e da Amazônia (Sudam).
PANORAMA DA MÍDIA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial, teve queda de 0,11% em agosto, desacelerando em relação à alta de 0,26% de julho, devido ao bônus de Itaipu no mês passado, que derrubou o custo da energia nas residências em 4,21%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (10).
Segundo o Correio Braziliense, no acumulado em 12 meses, o IPCA apresentou alta de 5,13%, abaixo do registrado nos 12 meses até julho, de 5,23%, mas ainda acima do teto da meta de inflação de 4,50%. Analistas são unânimes em afirmar que, como essa queda é pontual e não deverá se repetir em setembro, o Banco Central deverá manter a taxa básica da economia (Selic) nos atuais 15% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana. Segundo eles, o ciclo de queda na taxa básica só deverá começar no primeiro trimestre do ano que vem.
O Valor Econômico ressalta que o IPCA teria subido 0,07% em agosto, e não caído 0,11%, não fosse a influência da energia elétrica residencial.