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CMSE deve analisar flexibilização de usinas e governança dos modelos

Reunião do CMSE
Reunião do CMSE

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deve analisar hoje, 16 de julho, a flexibilização operacional de usinas termelétricas que precisam de 60 dias de antecipação para serem acionadas, buscando garantir o atendimento da demanda energética no segundo semestre.

A reunião também deve finalizar a discussão sobre a governança dos modelos computacionais do setor elétrico, enquanto os critérios de aversão ao risco ficam para debate em reunião extraordinária ainda a ser convocada antes de 31 de julho.

Térmicas com acionamento excepcional

O comitê deve deliberar pelo acionamento excepcional de algumas termelétricas que precisam ser despachadas com 60 dias de antecedência, com um custo variável unitário (CVU) mais alto nesse cenário.

Se enquadram nesse critério as usinas Porto do Sergipe e Linhares, da Eneva, e Santa Cruz, que era da Eletrobras e foi vendida à J&F.

A geração flexível dessas usinas, se aprovada, vai reforçar o atendimento do pico de carga, com possibilidade de modulação diária, conforme diretrizes estabelecidas pelo poder concedente.

Essa é uma das medidas analisadas pelo CMSE para garantir o atendimento aos picos de carga a partir de setembro, quando os reservatórios das hidrelétricas estão normalmente com níveis mais baixos de água após serem utilizados durante os meses mais secos de inverno. Paralelamente, a carga tende a subir por conta do retorno das temperaturas elevadas.

O principal desafio se concentra no final do dia, quando não há mais geração solar fotovoltaica e o consumo continua elevado.

A primeira medida foi a antecipação de 2 GW em contratos de termelétricas vencedoras do primeiro e único leilão de reserva de capacidade realizado até hoje, em 2021. Os contratos iriam começar a valer em julho de 2026, mas foram antecipados para entre agosto e outubro de 2025, ajudando a garantir disponibilidade de geração para os picos de carga.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) considera outras medidas para garantir o atendimento no pico de carga se a situação piorar, incluindo o retorno do horário de verão.

No lado da demanda, também há ferramentas para ajudar na segurança da operação. Hoje, o operador vai realizar um leilão de resposta da demanda, que vai contratar até dois produtos, com seis e quatro acionamentos mensais, sempre com período de quatro horas, das 18h às 22h, para dias úteis entre 1º de setembro deste ano e 31 de janeiro de 2026.

Governança dos modelos

O CMSE também deve finalizar hoje a discussão sobre a governança dos modelos de formação de preço e de operação. A questão surge após a extinção, no ano passado, da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp), cujas funções foram redistribuídas.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ganhou o papel de organizar e supervisionar um comitê de governança específico para tratar de aprimoramentos dos modelos Newave, Decomp e Dessem – os modelos computacionais usados na operação do sistema.

A agência fez uma consulta pública sobre o tema e o Ministério de Minas e Energia realizou outra consulta sobre a governança dos modelos, que vão definir as regras a serem usadas a partir de 2026.

Na reunião de hoje, o CMSE deve aprovar uma resolução formalizando os ritos, prazos e instrumentos para divulgação dos critérios e metas.

Aversão ao risco para depois

Como não havia tempo para que a governança fosse estabelecida com prazo suficiente para a análise dos critérios de risco antes de 31 de julho, o Ministério de Minas e Energia abriu, em paralelo, outra consulta pública para discutir de forma extraordinária os critérios de aversão ao risco.

Desde 2013, os modelos Newave e Decomp contam com dois mecanismos principais de aversão ao risco: o Volume Mínimo Operativo (VMinOp), que estabelece limites mínimos para os volumes armazenados nos reservatórios, e o Valor Condicionado a um Dado de Risco (CVaR), que altera o peso dos piores cenários hidrológicos dentro da função de custo futuro.

O ONS e a CCEE propuseram a manutenção do CVaR vigente desde o início deste ano, que aumenta o peso dos piores cenários possíveis dentro das projeções.

A proposta divide o setor: parte defende a manutenção dos critérios, já que ainda há pouco tempo de uso para avaliar sua eficácia; outra parte argumenta que devem ser alterados porque o custo da operação está aumentando de forma desproporcional aos benefícios. O tema deve ser discutido em reunião extraordinária do CMSE antes do fim do mês, para que uma eventual mudança tenha efeito a partir de janeiro de 2026.

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