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Com R$ 60 bi investidos em 2024, setor solar pode passar por ajuste de preços

Usina de geração distribuída solar Paraisópolis, da (re)energisa
Usina de geração distribuída solar Paraisópolis, da (re)energisa

O Brasil registrou um novo recorde na demanda por equipamentos fotovoltaicos no último ano, superando 22,3 GWp, acima dos 17,5 GWp contabilizados em 2023. Segundo estudo da Greener, que ouviu quase 6 mil empresas integradoras, a procura levou a investimentos superiores a R$ 60 bilhões, crescimento de 27% na mesma base de relação.

O quarto trimestre de 2024 foi responsável pela maior parte do volume, com 6,1 GWp, o maior volume trimestral do histórico, com um aumento de 21% frente a 2023.

A geração distribuída representou 77% dos investimentos, justificados, principalmente, pelo avanço das fazendas solares, enquanto a geração centralizada responde por 23%.

Com relação aos preços dos sistemas fotovoltaicos para clientes residenciais e comerciais, o estudo aponta que, entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, houve queda de 9%, influenciada principalmente pela redução de 13% nos preços dos equipamentos fotovoltaicos no período, que refletiu o barateamento dos módulos no mercado internacional. No entanto, essa variação para baixo no preço dos equipamentos foi parcialmente amenizada pelo aumento de 3% entre o final do segundo semestre de 2024 e janeiro de 2025, que tem tendência de preços elevados devido ao câmbio e à carga tributária.

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Em novembro de 2024, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) elevou de 9,6% para 25% a tarifa de importação das células fotovoltaicas usadas na cadeia produtiva de painéis solares. Conforme o estudo, houve ainda a ocorrência de empresas com estoques elevados de equipamento, alta de 15% frente a 11% no final de 2023, e influenciada pela antecipação de compras diante do aumento da carga tributária dos módulos.

Além disso, segundo a análise, o reajuste pode impactar nos preços e influenciar a competitividade do mercado, sendo que 50% das empresas entrevistadas alegaram já terem feito reajuste nos preços em 2024 e a outra metade realizará no primeiro semestre de 2025.

“A tendência é que a elevação do imposto de importação no Brasil somada à redução dos incentivos fiscais na China sejam sentidas pelo mercado ao longo deste ano”, avalia Marcio Takata, CEO da Greener.

A Greener também verificou que 4% das vendas totais dos integradores foram de sistemas híbridos com bateria, ou seja, a cada 25 sistemas vendidos, em média, um foi híbrido.

A análise ainda que indicou que os financiamentos apoiaram 46% das vendas, queda em relação aos 53% registrados no ano anterior, a partir das elevadas taxas de juros e restrição ao crédito pelos bancos. As regiões do Centro-Oeste, Norte e Sul se destacam com mais da metade das vendas sendo financiadas, enquanto o Sudeste apresenta a menor dependência de financiamento, “podendo indicar um perfil de cliente com maior capacidade de investimento próprio”.

Preços de insumos

O preço do aço teve uma queda de 20% em relação a janeiro de 2024 (545 USD/t), atingindo 437 USD/t em janeiro de 2025.

De acordo com a Greener, as estimativas indicam que, em um período de 12 meses a partir de janeiro de 2025, o aço seja negociado por volta de 419 USD/t. O preço do aço impacta o custo da fabricação das estruturas de fixação, especialmente para as usinas fotovoltaicas de solo.

Solar: Prioridades de 2025

Após um 2024 de expansão da equipe e de novos produtos, cerca de 55% dos entrevistados pela Greener informaram que em 2025 focarão seus investimentos em capacitação do time e no desenvolvimento de suas plataformas digitais. Para a consultoria, a mudança pode indicar um movimento de maturação do mercado e preparação para desafios futuros por meio de maior qualificação e automação.

Empresas com vendas a partir de 100 MWp em 2024 esperam um aumento médio de 31% em suas vendas em 2025. Já as companhias que venderam abaixo de 100 MWp buscam um crescimento médio de 59% em 2025.

Além disso, a Greener espera uma tendência no aumento de vendas das baterias, já que 70% dos entrevistados pretendem atuar com carregadores de veículos elétricos e 65% com baterias. Já os serviços de financiamento tendem a reduzir em 20 p.p neste ano, comparado a 2024.