Após um período úmido abaixo da média histórica, a configuração do fenômeno La Niña, responsável pelo resfriamento das águas do Pacífico, pode causar um atraso no próximo período chuvoso e, assim, reduzir a “gordura” das hidrelétricas dos últimos anos. Com a redução do nível dos reservatórios, a Nottus Meteorologia ainda projeta variações nos preços de energia semanal e mensal, caso o fenômeno La Niña siga os padrões vistos em anos anteriores.
“Não vamos ter o La Niña durante todo o segundo semestre, porque tem um período para que o Pacífico esfrie. Provavelmente, no último trimestre do ano, pode ter uma formação de La Niña, caso as previsões se concretizem. Se isso ocorrer, o que normalmente acontece? Um atraso do início do período úmido”, disse Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus Meteorologia, durante coletiva de imprensa.
Nascimento continuou sua explicação destacando que o atual período úmido foi “muito ruim”, causando um impacto “em toda gordura” construída pelo setor elétrico nos últimos anos com as hidrelétricas. Segundo ele, o sentimento do setor é o de que “precisa voltar a chover” até o final ano, para não ocorrer variações nos preços.
Segundo Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista da Nottus, os três anos consecutivos de La Niña resultaram em uma severa seca no Sul do Brasil, fazendo com que os preços de energia atingissem variações de alta em 2021 e o piso nos anos seguintes.
Ambos os executivos destacam que, segundo o modelo NOAA, o fenômeno pode ter uma intensidade fraca ou moderada. Além disso, mesmo com dados de período anteriores, o La Niña também pode sofrer efeitos de outras variantes, incluindo a influência das temperaturas do oceano Atlântico, o que pode mudar as previsões.
As eólicas
Brandt também abordou que o mês de abril, última fase do período úmido, pode ser mais seco na região central do país e mais úmido no Nordeste, prejudicando a geração eólica.