Preços

Novo modelo de preços é correto, avalia Eletrobras sobre risco e oferta

Apesar de aprovar sinal de preço do novo modelo, companhia avalia que ainda há espaço para melhorias, sobretudo em relação à flexibilidade

Rodrigo Limp, VP da Eletrobras
Volatilidade dos preços de energia deve continuar nos próximos meses, segundo Rodrigo Limp, vice-presidente Regulatório da companhia

Para o vice-presidente de Regulação, Institucional e Mercado da Eletrobras, Rodrigo Limp, o novo modelo de preços adotado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é um acerto ao refletir corretamente a aversão ao risco do operador e maior aderência à oferta.

“Não adianta você ter preços mais baixos se o operador continua despachando, térmicas fora da ordem de mérito, e essa conta é paga por encargos dos consumidores. Isso acaba sendo um sinal de preços artificial”, disse Limp. O executivo explica que o despacho térmico entrava como encargo na fatura de todos os consumidores, e não dentro do preço de energia. Assim, os custos eram transferidos para todos os consumidores, inclusive aqueles que estavam corretamente contratados.

Para Limp, a maior volatilidade nos preços, especialmente dentro do dia, é esperada já que, com a crescente participação das fontes intermitentes, há maior necessidade de energia despachada quando a geração renovável cai. O executivo também considera que os sinais de preço começaram a avançar com a adoção do preço de liquidação das diferenças (PLD) horário. “Não faz nenhum sentido o preço não sinalizar as diferenças das necessidades do sistema ao longo do dia”, avalia.

Apesar dos avanços, Rodrigo Limp avalia que ainda há espaço para melhorias no modelo, especialmente em relação à flexibilidade. “Quando caminharmos, a flexibilidade vai ter um reconhecimento melhor. Acho que não o suficiente ainda para viabilizar novos negócios como o armazenamento. Talvez precise de algo complementar mas, sem dúvida, o sinal de preço adequado traz mais racionalidade na expansão”, avaliou. Rodrigo Limp participou do evento Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 10 de abril.

Flexibilidade

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O presidente da Auren, Fabio Zanfelice, avalia que a questão da intermitência de fontes renováveis e o consequente curtailment são desafios em todo o mundo. Para ele, o aumento na geração renovável requer flexibilidade, que pode vir na forma de baterias, como forma de melhorar a operação e o grid.

Outra fonte de flexibilidade viria do lado do consumidor: “Justamente dar sinal de preço correto para o cliente realmente consumir quando o preço está mais baixo e fazer o melhor uso desse sistema, que hoje é muito mais complexo do que era antes”, avalia.

No mesmo painel, a presidente da Spic Brasil, Adriana Waltrick, registrou que, atualmente, o papel de oferecer serviços como flexibilidade operacional, controle de frequência e de tensão são as hidrelétricas, apesar de não serem remuneradas por estes atributos.

Já o presidente da Eneva, Lino Cançado, destacou a importância das térmicas despacháveis para oferecer flexibilidade. “As hidrelétricas conseguem fazer muito bem esse papel sempre quando tem água no reservatório. Nós também temos aqueles momentos nos quais a hidrologia não favorece e as hidrelétricas ficam incapacitadas de cumprir a função de fornecer resiliência ao sistema”, disse.