Um a cada cinco veículos vendidos no mundo em 2024 será elétrico, conforme expectativa da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Com base nessa projeção, a entidade estima que 17 milhões de automóveis elétricos serão comercializados neste ano, tendo a China na liderança das vendas.
A expectativa da agência vem em meio à um cenário de problemas neste mercado, impactado por margens apertadas, pelos preços voláteis dos metais para baterias, pelo aumento da inflação e pela eliminação progressiva de incentivos à compra em alguns países. Entretanto, a IEA adverte que esses alertas estão em descompasso com os números da modalidade no primeiro trimestre do ano, quando as vendas de veículos elétricos somaram 3,4 milhões de unidades.
A agência calcula que as vendas dos elétricos cresceram cerca de 30% em comparação ao primeiro trimestre de 2023, quando foram vendidas 2,6 milhões de unidades. Para 2024, a fatia de mercado dos veículos elétricos poderá atingir até 45% na China, 25% na Europa e mais de 11% nos Estados Unidos, sustentada pela concorrência entre fabricantes, pela queda dos preços das baterias e dos automóveis e pelo apoio de incentivos políticos, segundo a IEA.
Para economias emergentes com mercados de automóveis maiores, o estudo projeta uma inserção de mercado ainda relativamente baixa, mas alguns fatores apontam para um maior crescimento como, por exemplo, medidas políticas voltada ao subsídio no momento da compra por consumidores e a fabricação de baterias. Conforme dados da agência, o Brasil tem 3% de participação no mercado de automóveis devido aos modelos baratos, principalmente de marcas chinesas, com a BYD, que estão sustentando a adesão.
A IEA não detalhou em seu estudo o número de veículos comercializados no país no primeiro trimestre do ano, mas, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) afirma que a foram comercializados 36 mil automóveis no período, contra 14 mil registrados no mesmo período do ano anterior.
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Ainda segundo a agência, a adesão de veículos elétricos pelos brasileiros “tem sido lenta”, dada a priorização nacional do etanol como estratégia para manter a segurança energética. A IEA lembra ainda que, em 2023, o governo brasileiro lançou o programa Mobilidade Verde e Inovação , atraindo várias montadoras já instaladas no Brasil para desenvolverem modelos híbridos. A BYD e a Great Wall da China são duas marcar citadas pela agência em seu estudo, já que as duas fabricantes planejam iniciar a produção no país, dado o potencial brasileiro em metais.
“Embora seja mais forte em alguns mercados do que em outros, há um impulso contínuo em carros elétricos. A onda de investimentos na fabricação de baterias sugere que a cadeia de fornecimento de veículos elétricos está avançando para atender aos ambiciosos planos de expansão das montadoras. […] Esta mudança terá grandes ramificações tanto para a indústria automobilística como para o setor energético”, diz Fatih Birol, diretor-executivo da IEA, em comunicado divulgado com o estudo.
A expectativa é que metade de todos os carros vendidos globalmente sejam elétricos até 2035, desde que a rede elétrica e a infraestrutura de carregamento, principalmente para longas distâncias, acompanhem o ritmo.
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