A consolidação do El Niño, fenômeno em que a atmosfera e oceano atuam em conjunto, e cuja principal característica é o aquecimento ou resfriamento da porção central e equatorial das águas do Oceano Pacífico, está no radar das empresas por afetar a distribuição dos ventos e das chuvas.
Segundo Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus Meteorologia, ainda é difícil prever quando o El Ninõ se consolidaria e qual sua intensidade. No entanto, a empresa de inteligência meteorológica acredita em uma probabilidade de impacto nas temperaturas de fraca ou moderada, entre 0,5°C a 1,5°C, tendo como resultado chuvas mais intensas na região Sul e altas temperaturas no Nordeste do Brasil.
Com essa expectativa, caso o fenômeno se confirme, os preços de energia no mercado de curto prazo (MCP) devem se manter próximo ao piso. O Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) é usado como referência para as operações de energia e tem o mínimo fixado em R$ 69,04/MWh e o máximo em R$ 678,29/MWh. Já o PLD estrutural está em R$ 1.391,56/MWh.
“Caso o El Ninõ entre, existe uma grande chance do início do período úmido e seco [no Brasil] ter mais chuvas do que o normal. Esse cenário deve implicar na prolongação [do patamar atual] do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) nos próximos meses”, disse o executivo à MegaWhat.
Entretanto, o executivo destaca que, da mesma forma que antecipa o período úmido, o El Ninõ pode provocar uma redução da fase, ou seja, o período seco pode iniciar antecipadamente em 2024, causando uma volatilidade dos preços de energia nos próximos dois anos.
“Podemos ter um verão de altas temperaturas e com chuvas em forma de pancadas, isso deve provocar uma sensação diferente nos reservatórios”, afirmou o sócio-diretor da Nottus.
Já na geração eólica, Nascimento acredita que o efeito deve ser de uma maior geração devido aos ventos mais fortes. Contudo, ele adverte que por serem relativamente “novas e por não existir um cenário anterior”, que ajude entender o impacto do El Niño, é mais difícil estimar o comportamento.