Definindo a instalação de eólicas offshore como “playmobil” para a Petrobras, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, voltou a defender a exploração da Margem Equatorial, que abrange a foz do rio Amazonas, justificando que a área tem potencial tanto para exploração de petróleo quanto para instalação de eólicas offshore.
“O melhor lugar do mundo [para instalação de eólica offshore] é o Nordeste brasileiro, a Margem Equatorial. A Petrobras opera completíssimas estruturas no alto mar. [Implementar eólicas em alto mar] é ‘playmobil’ para a Petrobras”, afirmou durante audiência realizada nesta quarta-feira, 16 de agosto, no Senado para debater as políticas de preços e abastecimentos da empresa.
Para o executivo, a instalação da fonte pela companhia no alto mar será mais fácil devido à capacidade técnica e o conhecimento. Além disso, o presidente da petroleira afirmou que os desafios técnicos para instalação das eólicas offshore no país são menores, em relação a outros países, que possuem maiores “intempéries climáticas”.
Ainda na audiência, Prates destacou que as eólicas offshore instaladas na área devem ser dedicadas principalmente à produção de hidrogênio verde, que deve atender, em primeiro momento, o mercado externo.
Sobre a exploração de petróleo na região, Prates disse que a intenção da empresa, nesta fase, é fazer testes, e não iniciar uma produção em si e que, apesar das críticas em torno da perfuração de poços, a empresa já tem histórico de atividade exploratório em áreas sensíveis da região.
“Pasmem: onde já tem pluma [do rio], tem os mangues, as áreas mais sensíveis já têm 60 ou 100 poços furados já no passado. A própria Petrobras e outras empresas já furaram uma centena de poços na foz do rio Amazonas”, afirmou Jean Paul Prates.
Na avaliação do executivo, a exploração do poço no bloco FZA-M-59, localizado na bacia da Foz do Rio Amazonas, na Margem Equatorial, é a que tem menos chance de causar danos ambientais e com mais potencial de gerar receita, por estar a mais de 500 quilômetros da margem da foz.
O bloco foi licitado em 2013 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e teve o pedido de licenciamento iniciado em 4 de abril de 2014, a pedido da BP Energy do Brasil, que era a empresa responsável pelo projeto na época.
Em dezembro de 2020, os direitos de exploração de petróleo no bloco foram transferidos para a Petrobras, e que teve o pedido de licença negado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em maio de 2023. Na ocasião, entre os motivos apontados pelo Ibama estava a ausência da realização de avaliação ambiental de área sedimentar (AAAS).
Segundo Prates, se a licença ambiental solicitada for emitida, a petroleira levará cerca de cinco a oito anos para “tirar o primeiro óleo”, porque, antes de começar a produzir, será preciso avançar com o trabalho de prospecção e, se confirmada a potencialidade do poço, deverá ser realizada ainda a fase de contratação de equipamentos.