Mercado energético

Debêntures verdes podem compensar restrição de crédito bancário a projetos de GD

Debêntures verdes podem compensar restrição de crédito bancário a projetos de GD

O decreto 10.387 de 5 de junho de 2020, que estabeleceu novos mecanismos para emissão de debêntures verdes para financiamento de projetos de infraestrutura, vai ajudar na retomada do crescimento dos empreendimentos de geração distribuída (GD) solar fotovoltaica, avaliam especialistas.

“O decreto veio num momento fundamental, no qual os bancos ainda estão restritivos na concessão de crédito. Ter condições que ampliem o acesso ao mercado financeiro é, sem dúvida, muito importante”, disse Marcio Takata, diretor da Greener.

O texto em questão amplia o alcance das debêntures verdes a projetos que proporcionem benefícios ambientais ou sociais relevantes, o que é o caso da GD.

Até então, empreendimentos do tipo têm feito emissões no mercado, mas sem os benefícios das debêntures incentivadas, que têm vantagens fiscais e são mais competitivas.

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Levantamento feito pela Clean Energy Latin America (Cela), butique de investimentos que presta assessoria financeira no setor de energia renovável, aponta que, de abril de 2019 a janeiro deste ano, foram emitidos pelo menos R$ 589 milhões em debêntures para financiar projetos do tipo, incluindo ofertas públicas e privadas.

“Antes, a GD não tinha acesso às debêntures incentivadas. Com a publicação do decreto, devemos ter crescimento interessante do acesso para financiamento de projetos”, disse Camila Ramos, diretora e fundadora da Cela. 

O mecanismo deve ser usado por empresas com grandes projetos ou até mesmo para financiar pipelines, explica Ramos. “A estruturação de uma emissão de debêntures tem custos. Para projetos pequenos, é complicado, mas trabalhar pipeline e portfólio de projetos é interessante”, disse ela. 

Pelo levantamento da Cela, as emissões de debêntures normais foram feitas por grupos do setor de GD, mas não grandes utilities: Mori Energia, Faro Energy, Alsol Energias Renováveis e Solfácil estão entre as financiadas.

O volume de financiamentos pelos instrumentos ainda é pequeno quando comparado aos investimentos tomados de bancos. A Cela calcula que, em 2019, foram financiados R$ 3,27 bilhões usando recursos de bancos comerciais, cooperativas de crédito, debêntures e bancos de desenvolvimento.

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