Com potencial para se tornar o quinto maior produtor de biometano do mundo, o Brasil pode ter 60% da sua produção do biocombustível derivada de aterros sanitários até 2027, segundo novo relatório da Agência Internacional de Energia Elétrica (IEA, na sigla em inglês) publicado nesta terça-feira, 10 de outubro.
“Na medida que o país quadruplica a sua produção de biocombustíveis, os aterros devem responder por quase 60% da matéria-prima do mix de oferta. O Brasil deve emergir como um dos maiores produtores de biometano, com um dos crescimentos mais rápido no médio prazo”, afirma o documento.
Outros setores como o sucroenergético e de resíduos agrícolas devem complementar esse portfólio respondendo, respectivamente, por 32% e 8% do mix brasileiro dos próximos quatro anos. Segundo a IEA, todas as fontes citadas podem resultar em um incremento próximo a 10% do país no fornecimento de biometano mundial.
Em sua análise, a IEA cita estudos realizados pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) e da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) enfatizando que, com seu “vasto” setor agrícola, o país tem potencial para alcançar cerca de 2,2 milhões de m³/dia no médio prazo.
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Atualmente, o país conta com dez plantas de biometano, das quais seis são autorizadas a produzir e injetar biometano na rede canalizada, e que somaram, até agosto, 200 mil m³/dia. Outras 11 usinas de biometano estão em processo de aprovação na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), totalizando 421 mil m³/dia de capacidade instalada.
Por fim, o relatório conclui que a produção mundial de biometano deve ter expansão de mais de 65% nos próximos quatro anos, apoiada, principalmente, por projetos realizados na Europa, América do Norte e Brasil.
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Gás Natural
Já a procura mundial por gás natural deve atingir o seu pico até o fim desta década, uma vez que o consumo deve reduzir em mercados maduros, estima a Agência Internacional de Energia.
“A procura global por gás nos mercados maduros da Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte atingiu o pico em 2021 e deve diminuir 1% anualmente até 2026. A implantação acelerada de energias renováveis e uma maior eficiência energética estão entre os principais impulsionadores dessa tendência”, destaca a agência.
A diminuição da procura nos mercados maduros em todo o mundo pode levar a um crescimento dos mercados asiáticos, bem como em algumas economias ricas em gás no Médio Oriente e na África. A China deve ser responsável por quase metade da procura mundial de gás entre 2022 e 2026, recorrendo ao combustível para atender a sua produção industrial, termelétricas e as áreas urbanas.
Metano
A IEA também cita as emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis em estudo, sugerindo aos países que reduzam “imediatamente” sua produção, como forma de minar o aquecimento global.
O metano é menos abundante na atmosfera do que o dióxido de carbono (CO2), mas é responsável por cerca de 30% do aumento global das temperaturas. Apenas o setor elétrico é responsável por quase 40% do metano produzido, emitindo 135 ilhões de toneladas em 2022.
“Sem uma ação direcionada sobre o metano, mesmo com reduções profundas no uso de combustíveis fósseis, o aumento da temperatura média global da superfície provavelmente excederá 1,6ºC até 2050”, diz relatório.