A Engie Brasil Energia assinou um contrato para venda da termelétrica Pampa Sul, de 345 MW e movida a carvão, para fundos de investimento geridos pelas empresas Starboard e Perfin, por R$ 2,2 bilhões, incluindo a assunção de dívida de R$ 1,8 bilhão e o pagamento de R$ 450 milhões à geradora.
Esse é o último ativo a carvão da Engie no Brasil. O processo de venda teve início em 2017, mas foi só em 2021 que as tratativas ganharam força, em meio aos planos da companhia de se tornar 100% renovável.
A usina, localizada em Candiota, no Rio Grande do Sul, venceu o leilão A-5 de novembro de 2014 e entrou em operação em 2019. Os novos donos devem manter as equipes de administração e operação da usina, e pretendem investir cerca de R$ 150 milhões no ativo para alcançar uma redução das emissões em até 5%. Também serão feitos investimentos em desenvolvimento de pesquisas sobre tecnologia de captura e armazenamento de carbono, disse Ralph Rosenberg, CIO da Perfin.
Outro diferencial da transação é que envolve um compromisso dos novos donos com o descomissionamento da termelétrica antes do fim da sua outorga. Segundo Rosenberg, essa será a primeira vez em que uma usina terá as atividades encerradas antes da hora por exigência de um parceiro financeiro, em busca da redução de emissões.
Os compradores afirmam que estão comprometidos com uma estratégia de ESG de longo prazo. “Criamos frentes importantes para cumprimento de diretrizes de investimento em tecnologias que possibilitem aumento da eficiência da planta, bem como a busca pelo descomissionamento antecipado sem prejuízo aos stakeholders envolvidos”, disse Marcus Bitencourt, diretor da Starboard.
Com a venda da usina, a Engie terá uma carteira de 8.096 MW de capacidade proveniente de fontes renováveis. Em 2013, foram descomissionadas as termelétricas Alegrete e Charqueadas, no Rio Grande do Sul, e no ano passado o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, foi vendido.
“Esses movimentos foram acompanhados de massivos investimentos em energia eólica e solar, além de infraestrutura de transmissão, que são os nossos vetores de crescimento para contribuir com uma matriz cada vez mais renovável para o país”, disse Eduardo Sattamini, presidente da Engie.