Uma ocorrência numa subestação no Ceará deixou mais de 27 milhões de consumidores no Brasil sem energia nesta terça-feira, 15 de agosto. Sem dar mais detalhes sobre o trecho ou agente de transmissão responsável, mas abrindo a possibilidade de mais de um evento como causa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse não descartar um episódio de “dolo” no sistema e que acionou o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, e a Abin, para investigarem as causas.
“Diante dos eventos ocorridos das torres de transmissão que foram cerradas e agora um evento dessa magnitude, até pela sua característica técnica, precisamos dizer se foi falha humana ou dolo. Por se tratar de um setor sensível, estou oficiando ao Ministério da Justiça para que seja instaurado pela Polícia Federal um inquérito para apurar com detalhes o que pode ter ocorrido”, disse o ministro Alexandre Silveira em entrevista coletiva nesta tarde.
A investigação paralela foi justificada pelo horário da ocorrência, às 8h29, quando o sistema não passaria por um momento crítico, como pico de consumo ou entrada de geração de eólicas e solares. De acordo com Silveira, o Operador Nacional do Sistema (ONS) se comprometeu a apresentar um relatório da ocorrência, apontando as causas e a localidade em até 48 horas.
“Agora, sem tranquilidade, mas com serenidade, vamos apurar o ocorrido, e fazer como no episódio das linhas”, disse Silveira, em referência às tentativas de sabotagem de torres de transmissão no início do ano.
Com a prioridade dada ao restabelecimento do fornecimento aos 25 estados brasileiros sem energia, o ministro destacou que “se detectada responsabilidade, sanções serão aplicadas. Por isso, o nosso cuidado, nosso zelo, nos levou ao pedido de apurações imediatas à Aneel e ao ONS, e ao Ministério da Justiça, no contexto da derrubada das torres”.
Silveira ainda apontou que o problema não foi ocasionado por falta de planejamento ou escassez de geração de energia, assim como a sua decisão pelo encerramento da exportação do vertimento turbinável das hidrelétricas, que teve o objetivo de garantir a segurança energética.
Segundo o ministro, é possível “nascer dente em boca de galinha” antes dele autorizar a exportação do excedente hidráulico.
O ONS não estava presente na mesa da coletiva, que teve as participações dos secretários do MME Gentil Oliveira e Thiago Barral e o ministro Alexandre Silveira.
Em nota atualizada pouco antes do início da coletiva, às 16h, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ressaltou que a ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) que provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões, causou pelo menos a perda de 18,9 GW de energia.
“O único evento que se pode afirmar é esse no norte do Nordeste, no Ceará, não tem outro evento. Mas, em consequência da robustez do sistema, isso leva a crer que houve outro evento que causou essa magnitude”, completou o ministro. Ele não descartou, contudo, que uma variação da geração no SIN tenha acontecido concomitantemente ao evento no Ceará.
A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões. A normalização das cargas da região Sul foi concluída às 9h05min e nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, às 9h33min. O SIN foi 100% recomposto às 14h49min.
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