Os importadores de combustíveis enxergam risco no suprimento de diesel para o país, principalmente no segundo semestre, caso o preço do produto não seja alinhado ao mercado internacional. De acordo com a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), os segmentos mais vulneráveis são aqueles de menor porte, que não possuem contrato de longo prazo, como revendedores de combustíveis e empresas de ônibus e transportes.
“A expectativa é que o preço do petróleo deve disparar. […] Se a Petrobras não alinhar seus preços, não vai ter produto, não. Acho que vai ter falta, sim. […] Acho que é um risco muito grande manter uma defasagem nos níveis que estão mantidas agora”, afirmou o presidente da Abicom, Sérgio Araujo.
De acordo com dados mais recentes da Abicom, o preço da gasolina no Brasil está com defasagem de 11%, em relação ao mercado internacional. Já o preço do diesel no país está com desconto de 7%, ante o mercado internacional.
“Estamos tendo defasagem [de preços] consistente e elevada durante todo o ano de 2022. Dos mais de 200 agentes autorizados pela ANP [Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis], neste ano, somente quatro ou cinco realizaram importações de diesel. Somente a Petrobras e as maiores distribuidoras”, afirmou Araujo.
Segundo ele, a Petrobras e as grandes distribuidoras estão importando diesel para garantir o abastecimento de suas redes e cumprir os contratos com os seus clientes. As comercializadoras de combustíveis, porém, não estão conseguindo importar por causa da diferença de preços nos mercados doméstico e internacional.
Estoques
Na última semana, o Ministério de Minas e Energia informou que os estoque de diesel no país representam 38 dias de importação. “Em outras palavras, se as importações desse combustível fossem cessadas hoje, os estoques, em conjunto com a produção nacional, seriam suficientes para suprir o país por 38 dias”, explicou o a pasta, em nota.
O posicionamento do ministério ocorreu após a Petrobras ter enviado documento à pasta informando sobre a situação do mercado global de óleo diesel e os possíveis impactos para o Brasil.
A ANP, por sua vez, informou que, neste momento, o abastecimento nacional de diesel acontece com regularidade. “Representantes da agência mantêm contato permanente com os agentes do setor, têm conversado com especialistas e analistas sobre o cenário mundial atual e seguem atentos ao cenário nacional e ao internacional, e a todos os fatores que podem interferir no abastecimento de diesel. A agência está dedicada a acompanhar a situação e a propor as medidas que se mostrarem necessárias para garantir a oferta do produto”, completou a agência petrolífera, em nota.