O governo do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), e o Sistema Fiern, por meio do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), lançaram na última terça-feira, 20 de dezembro, o Atlas Eólico e Solar do RN, documento que identifica o potencial do estado e as melhores áreas para desenvolvimento de projetos das fontes eólica e solar.
Parte de uma proposta mais ampla que conta com o projeto do Porto Indústria, o projeto norte-rio-grandense de hidrogênio verde, o hub de serviços para eólica onshore e offshore e outros, o investimento total do governo foi de R$ 2,64 milhões, somando ao aporte de R$ 264 mil da Fiern. O Atlas conta com uma versão impressa, uma versão online e uma plataforma interativa, sendo uma ferramenta dinâmica que passa por monitoramento e atualização constantes.
“Nós temos uma oportunidade muito grande de reindustrializar este país a partir da energia. Para isso, é muito importante que o governo se posicione (…) O governo precisa sinalizar adequadamente ao investidor, ele precisa criar um ambiente correto, amigável e confiável ao investimento. O lançamento de um atlas eólico é um ponto de partida muito relevante, a atualização dele mais ainda”, disse Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica). “O lançamento deste atlas hoje mostra o quanto vocês foram cuidadosos no sentido de sinalizar com o investidor”.
O documento, composto de aproximadamente 200 páginas, faz uma análise técnica e socioambiental dos potenciais das fontes eólica onshore, eólica offshore, solar fotovoltaica centralizada e solar fotovoltaica distribuída no estado, servindo como guia para investimentos atuais e futuros.
No caso da energia eólica onshore, o estudo identifica uma capacidade instalável de 24,4 GW para ventos acima de 8 m/s de velocidade e 140 metros de altura, o que equivale ao dobro da capacidade instalada e contratada atual do Rio Grande do Norte (12,2 GW). Os dados do Atlas consideram apenas áreas aptas do estado, excluindo localidades que já estão em produção ou que possuem alguma restrição.
Para a análise do potencial eólico offshore, o documento ressalta que o estado possui a maior torre anemométrica do país, com 170 metros de altura, localizada no município de Jandaíra. Além disso, o Rio Grande do Norte seria o único estado com ferramentas para medição do vento em alto-mar, o que, segundo o estudo, permite uma análise mais precisa do potencial offshore.
De acordo com o documento, o potencial total do estado em geração eólica offshore é de aproximadamente 54 GW de capacidade instalável, podendo gerar um terço de toda energia elétrica brasileira em 2020, que foi cerca de 651 TWh. A título de comparação, o aproveitamento de 20% do litoral norte do estado é quase o triplo da capacidade eólica offshore atualmente instalada na Dinamarca (2,3 GW).
No que tange a energia solar fotovoltaica, o documento considera 10% das áreas aptas e somente em terrenos planos e pouco ondulados, totalizando uma produção anual de energia de 213 TWh/ano e uma potência instalável de 82 GWp. Este valor, segundo o estudo, é mais de 2,5 vezes o consumo de energia elétrica de toda a região Nordeste em 2019, que foi de 83,5 TWh/ano.
Já no caso da fonte solar distribuída, que tem demonstrado grande crescimento no país, o documento considera que, em uma área de 0,5% de todas as áreas urbanas, o potencial de capacidade instalada é mais de 718 MWp, o que representa mais do que o dobro da energia já instalada no estado. Em um cenário futuro, o documento aponta que com uso de 5% das áreas urbanas o potencial de GD seria de 7182 MWp.
A governadora do estado Fátima Bezerra afirmou que essa “é uma ferramenta pra fomentar, estimular e incentivar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte naquilo que ele hoje tem de maior potencial, que é exatamente o campo das energias renováveis”. De acordo com Bezerra, o governo pretende avançar na pauta do desenvolvimento e da geração de emprego, tendo ainda o desafio de construir um porto específico para a fonte eólica offshore, o que demandará investimentos da ordem de R$ 6 bilhões, que será realizado por meio de parcerias público-privadas (PPP).
“Esse é um momento histórico”, disse a governadora enquanto assinava a Carta do novo Atlas.