Eólica e solar responderam por um quarto da energia produzida na UE desde o início da guerra

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

18/Out/2022 12:53 BRT

As fontes eólica e solar fotovoltaica geraram 24% da eletricidade da União Europeia (UE) de março a setembro de 2022. O crescimento, impulsionado pela invasão da Rússia à Ucrânia, gerou um recorde 39 TWh neste ano, evitando custos adicionais na ordem de € 11 bilhões e o uso de 8 bilhões de metros cúbicos de GNL no bloco, segundo dados da Ember, think tank dedicado à transição energética.

“A energia eólica e solar já estão ajudando os cidadãos europeus. Mas o potencial futuro é ainda maior.”, afirma Chris Rosslowe, analista sênior da Ember.

O aumento da capacidade de energia renovável economizou aos 27 países do bloco europeu R$ 514,5 bilhões em importações de gás. Desses, 19 países alcançaram recordes de geração eólica e solar, incluindo Espanha (35%), tália (20%), Polônia (17% e França (14%). 

A Polônia teve o maior aumento percentual, em comparação ao período anterior, registrando um crescimento de 48,5%, enquanto a Espanha registrou o maior aumento absoluto de geração com 7,4 TWh, evitando € 1,7 bilhão de euros em custos de gás importado.

Nesse período, o bloco europeu gastou cerca de € 82 bilhões de euros com gás natural liquefeito (GNL), correspondendo a 20% da energia gerada no bloco. 

Renováveis e inflação na UE

O crescimento das fontes de energia eólica e a solar fotovoltaica na UE contribuíram para evitar uma inflação ainda mais alta e uma “crise mais profunda” no bloco, segundo a Ember.

Segundo o documento, as escolhas políticas anteriores da União Europeia, em aumentar a dependência de GNL e limitar a eficiência energética e de renováveis do bloco, são os principais motivadores da inflação recorde e a “crise profunda” na Europa. 

Na análise da E3G, think tank sobre mudanças climáticas, e da Ember, os especialistas concluíram que o plano RePowerEU da Comissão Europeia tem potencial de “reduzir significativamente” a exposição do bloco europeu às importações de gás, mas, para isso ocorrer, será preciso negociações entre os Estados-Membro da UE e o Parlamento Europeu.

“Com mercados de GNL apertados sustentando altos custos de gás nos próximos anos, os governos precisam apoiar a ambição de energia limpa do RePowerEU, tornando-o um elemento central da resposta à crise de preços de energia”, afirma Artur Patuleia, associado sênior com Foco em Transições de Sistemas de Energia na E3G.