Depois de um 2020 complexo por conta das incertezas relacionadas à pandemia de covid-19, os aumento dos custos das matérias-primas, principalmente o aço, e problemas na cadeia de suprimento global fizeram com que 2021 fosse um ano desafiador para as principais fabricantes de aerogeradores.
Como os custos maiores não puderam ser repassados aos preços de contratos firmados anos antes, as companhias acabaram vendendo turbinas eólicas com margem negativa, o que teve efeitos nos resultados financeiros do ano passado, que estão sendo divulgados neste início de 2022.
“Em 2021, fomos desafiados novamente pela covid-19, que afetou a saúde e a renda no mundo todo, e aumentou os custos de logística e matérias-primas”, diz a carta assinada pelo presidente da Vestas, Henrik Andersen, e pelo presidente do conselho, Bert Nordberg.
A dinamarquesa terminou 2021 com lucro líquido de 176 milhões de euros, retração de 77,17% na comparação com o lucro de 2020, que tinha sido de 771 milhões de euros. Segundo a companhia, as perspectivas para o mercado de energia eólica são positivas, especialmente em meio ao cenário de transição energética, mas a lucratividade atualmente não está em nível satisfatório, o que exige atenção nos próximos anos. A instabilidade na cadeia de suprimento e o aumento dos custos deixaram essa gestão ainda mais importante.
“Combinados com o aumento dos preços de energia, as disrupções na cadeia de suprimento e a aceleração da inflação dos custos de matérias-primas, transportes e componentes de turbinas continuaram a ampliar os custos da empresa neste ano, o que afetou de forma severa o lucro”, disse o presidente da Vestas.
Apesar do aumento nos custos, a demanda continuou crescendo no ano passado. A receita da companhia subiu 5% no ano passado, para 15,5 bilhões de euros, com destaque para a receita de serviços, que subiu 21% no período, para 2,5 bilhões de euros.
O cenário é semelhante nas demais fabricantes de aerogeradores. O segmento de energia renovável da GE, por exemplo, teve prejuízo de US$ 312 milhões no quarto trimestre do ano passado, acima do prejuízo de US$ 87 milhões obtido no mesmo período de 2020. Em 2021, a GE teve perdas de US$ 795 milhões na área de renováveis, aumento de 11% na comparação anual.
No caso da GE, o aumento dos custos afetou em cheio o negócio de eólica onshore, mas a companhia enfrenta também problemas relacionados ao mercado dos Estados Unidos, pela incerteza em relação aos benefícios fiscais para energia eólica no país. Essas incertezas adiaram investimentos, e as encomendas do segmento de renováveis da GE caíram 23% no último trimestre do ano, para US$ 4,8 bilhões. Em 2021, contudo, as encomendas subiram 11%, a US$ 18,1 bilhões.
A Siemens Energy também teve os resultados pressionados pelo desempenho da indústria eólica. A companhia teve prejuízo líquido de 240 milhões de euros no primeiro trimestre do ano fiscal 2022, de outubro a dezembro de 2021. O resultado foi devido ao prejuízo de 403 milhões de euros obtido pela Siemens Gamesa Renewable Energy, que foi pressionada pelos aumentos de custos, problemas na cadeia, e ainda por desafios no ramp-up de sua mais nova linha de aerogeradores onshore, a 5.X.
A receita da Siemens Energy recuou 11,4% no trimestre, para 6 bilhões de euros, em linha com as expectativas da companhia, devido à conclusão da execução de alguns projetos grandes e pelos problemas na cadeia de suprimento que prejudicaram a Siemens Gamesa.
As encomendas, contudo, continuaram em alta. A companhia terminou a carteira com 8,33 bilhões de euros em pedidos na carteira, um crescimento de 10,1% na base anual. As encomendas cresceram tanto no segmento de gás e energia quanto no de renováveis. A Siemens Gamesa terminou o trimestre com 2,4 bilhões de euros em pedidos, um crescimento de 7,1%. Sua receita, contudo, caiu de forma mais acentuada, em 23,1%, para 1,8 bilhão de euros.
Entre as principais fabricantes internacionais de aerogeradores, a Nordex divulgará os resultados de 2021 no fim de março. A companhia já informou que as encomendas de aerogeradores somaram 7,95 GW no ano passado, aumento de 32% na comparação com 2020.
A brasileira WEG, que também atua no segmento, vai divulgar seus resultados anuais na próxima semana, mas já na divulgação dos resultados do terceiro trimestre do ano passado a companhia tinha feito um alerta que o aumento dos custos das matérias-primas tinha aumentado as pressões sobre suas margens.
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