A Eletrobras é uma empresa muito complexa e exige um bom gestor que possa conduzir os negócios, com ou sem privatização. A opinião é de Mauro Rodrigues da Cunha, que apresentou na noite de ontem, 25 de março, sua renúncia do conselho de administração da estatal, depois que o colegiado acolheu a indicação da União de um presidente não recomendado pela Korn & Ferry, empresa de recrutamento contratada pela estatal para assessorar no processo de sucessão de Wilson Ferreira Junior.
O conselho recomendou o atual secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp, como novo presidente da companhia.
“A Eletrobras tem uma diretoria absolutamente sobrecarregada, que precisa de um executivo com capacidade de gestão”, disse Cunha à MegaWhat. Segundo ele, como Limp nunca administrou uma empresa, há justificada incerteza sobre seu futuro desempenho à frente da Eletrobras. “E não é uma empresa qualquer, é uma empresa que sua para fechar o balanço. Não é um passeio no parque”, afirmou.
Segundo o agora ex-conselheiro, era perfeitamente legítimo que a opinião da Korn & Ferry não fosse acolhida. “A questão não é essa, e sim que conduzimos um processo, a assessoria de uma opinião inequívoca sobre o indicado ao governo, e minha conclusão foi idêntica a da consultoria”, disse. Foi a falta de experiência em gestão de Limp que pesou.
A expectativa do governo, segundo fontes ouvidas pela MegaWhat, é que Limp aproveite seu excelente trânsito no Congresso para contribuir com o processo de privatização da estatal, hoje atrelado à aprovação da Medida Provisória (MP) 1.031.
Uma das fontes disse que o governo vê a Eletrobras como uma empresa que já “anda sozinha” depois de todas as mudanças implementadas durante a gestão de Ferreira Junior. Além de melhorias na performance operacional e financeira, também foram feitos aprimoramentos significativos na governança da companhia.
“A governança é importante no longo prazo, seja em qualquer cenário, de privatização ou não”, disse Cunha.