ISA Cteep aguarda análise de alavancagem para decidir sobre leilão de março

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

21/Fev/2024 15:43 BRT

Com cerca de R$ 10 bilhões em projetos greenfield e R$ 5 bilhões em reforços e melhorias para os próximos cinco anos, a ISA Cteep ainda analisa sua participação no primeiro leilão de transmissão do ano, marcado para 28 de março, tendo como base a pressão da dívida da companhia.

Silvia Diniz Wada, diretora de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da transmissora destacou, em teleconferência com investidores, que uma análise sobre a participação está em andamento, contudo, a alavancagem, medida pela relação dívida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) pode ser um “aspecto importante” na decisão final.

“Analisamos todos os leilões de transmissão e a decisão efetiva de participar é tomada mais próxima da data do certame. Especificamente para o de março, nós estamos avaliando, mas, claro, levando em consideração que já temos um pipeline robusto para executar”, afirmou a executiva.

>> Parecer de auditoria será obrigatório apenas para SAs no leilão de transmissão de março.

A alavancagem traça o grau de endividamento da empresa frente ao período necessário de geração de caixa para pagamento da dívida. A ISA Cteep fechou 2023 com uma dívida bruta de R$ 9,3 milhões em 2023, aumento de R$ 1.227,0 milhões (+15,3%) em relação ao saldo de 2022, e incremento de 2,1% em relação ao trimestre anterior. De acordo com Carisa Cristal, CFO da companhia, o índice de alavancagem terminou o ano em 2,39 vezes, ou seja, quase dois anos e meio para conclusão do pagamento.

“Estamos com uma alavancagem muito confortável. Olhando para frente e considerando esses R$ 15 bilhões em investimentos, podemos dizer que nos próximos dois anos teremos uma pressão na alavancagem, ficando em algo entre 3% e 4%. Mas, não estamos preocupados, porque somos uma empresa de capital intensivo e que está em um momento de forte crescimento”, disse Cristal.

Em 2023, a ISA Cteep arrematou três concessões no primeiro leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): os lotes 1 (Serra Dourada), 7 ( Itatiaia) e 9 (Água Vermelha). Segundo Rui Chammas, presidente da empresa, o investimento total previsto nos projetos é de R$ 5,6 bilhões, com previsão de conclusão nos próximos cinco anos.

“Esses novos projetos se somam a nossa carteira e, com isso, passamos a ter mais de R$ 10 bilhões em projetos greenfield, [distribuídos] entre sete projetos, que, quando energizados, habilitarão mais de R$ 970 milhões na nossa RAP”, destacou o executivo na teleconferência.

Até o final de 2028, a companhia ainda prevê investir cerca de R$ 5 bilhões em cerca de 250 projetos de reforços e melhorias em um de seus contratos.

Emissão de debêntures

A companhia anunciou a emissão de R$ 1,19 bilhão em debêntures, com possibilidade de aumento de oferta até R$ 1,99 bilhão, dependendo da demanda.

Resultados

No quarto trimestre de 2023, a ISA Cteep registrou teve lucro líquido regulatório de R$ 900,6 milhões, acima dos R$ 363,6 milhões registrados no mesmo período do ano anterior. A empresa apresentou também seus resultados de receita líquida total, que cresceu 24%, a R$ 1,11 bilhão.

O Ebitda regulatório somou R$ 826,7 milhões no período, alta de 23%, em relação aos R$ 634,7 milhões registrados no mesmo período de 2022.

O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.

As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS.

De acordo com a companhia, o resultado foi impactado pela entrada em operação comercial de projetos novos, já que no ano de 2023 completaram um ciclo completo de Receita Anual Permitida (RAP) e por reforços e melhorias; pelo impacto positivo do reajuste inflacionário (IPCA) do ciclo tarifário 2023/2024 e pela menor incidência de Parcela Variável por Indisponibilidade (PVI) na interligação elétrica do madeira, devido à provisão contabilizada no período.

A recomposição da receita de Rede Básica Sistema Existente (RBSE), após o reperfilamento do componente financeiro, também impactou no resultado. O pagamento da RBSE vai até 2028, sendo indenização que a Aneel paga às transmissoras por investimentos feitos em ativos antigos ainda não amortizados e que tiveram a concessão renovada. Um possível recálculo do RBSE voltou a ser discutido na Aneel em julho de 2022 e pode trazer perdas econômicas relevantes em alguns casos. 

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