A expectativa de que o governo vá editar uma Medida Provisória (MP) para acelerar a privatização da Eletrobras, e “compensar” assim o desgaste causado pela interferência no comando da Petrobras, ajudou a reverter as fortes perdas acumuladas pelos papéis da elétrica no pregão dessa segunda-feira.
As ações da Eletrobras, que chegaram a cair mais de 8%, fecharam próximas da estabilidade, depois que começou a circular no mercado a hipótese de que sua privatização será feita via MP – mais rápida que pela tramitação do projeto de lei encaminhado ao Congresso em novembro de 2019.
A possibilidade de uma MP não chega a ser novidade. Em 8 de fevereiro, o próprio ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, chegou a falar sobre a possibilidade de uma medida provisória, a fim de iniciar o processo de capitalização da estatal ainda em 2021.
Para um analista, que falou sob condição de anonimato, a perspectiva de uma MP não deveria movimentar assim os ânimos dos acionistas, uma vez que não se sabe se ela será aprovada e nem quais as condições para isso.
A aposta na pauta seria uma forma de fazer um aceno positivo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo relatos da Folha de S. Paulo. Segundo a reportagem, o ministro ficou incomodado por não ter sido consultado sobre a intervenção estatal no comando da Petrobras.
Vale lembrar que o atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, informou em 24 de janeiro sua decisão de deixar a companhia, depois de quase cinco anos em que defendeu a bandeira da privatização e promoveu reformas na companhia, reduzindo seu endividamento e cortando despesas, com ganhos de eficiência.
Um dos motivos citados por Ferreira, na ocasião, foi justamente a baixa perspectiva de sucesso no processo de privatização da Eletrobras.
As ações preferenciais classe B da companhia fecharam com queda de 0,17%, a R$ 29,24. As ações ordinárias, por sua vez, recuaram 0,69%, a R$ 28,91.