Engie foca em renováveis e transmissão e não descarta vender fatia restante na TAG

Camila Maia

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Camila Maia

Publicado

29/Dez/2023 15:09 BRT

Com cerca de R$ 14 bilhões em investimentos previstos nos próximos dois anos, sem considerar uma possível vitória no leilão de transmissão de março, a Engie Brasil Energia não descarta vender a fatia restante de 17,5% na Transportadora Associada de Gás (TAG) ou mesmo uma emissão subsequente de ações (follow-on, no jargão do mercado financeiro).

"Além dos investimentos já contratados, teremos possibilidade de novos projetos no leilões de transmissão, que serão nosso foco no início de 2024", disse Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia, em teleconferência feita nesta sexta-feira, 29 de dezembro, para comentar a venda de 15% da TAG ao fundo de pensão canadense CDPQ, por R$ 3,1 bilhões.

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A holding Engie S.A. não alterou sua participação, e manteve 32,5% da TAG, fazendo com que o "bloco" Engie mantenha o co controle da empresa de gasodutos adquirida Petrobras em 2019. O CDPQ ficou com os 50% adicionais, uma vez que já tinha 35% da empresa. De acordo com Sattamini, o gás faz parte da estratégia do grupo Engie como um todo, mas a Engie Brasil Energia tem como foco os negócios de geração renovável e transmissão, o que reforça a possibilidade de venda futura. 

Segundo Sattamini, "existe a possibilidade de vender os 17,5%", desde que as condições ofertadas sejam boas e a companhia tenha interesse em sair do ativo. "Mas não é nossa visão hoje", completou.

Os R$ 3,1 bilhões irão para o caixa da Engie, que terá um ganho de capital em cima do valor pago. O diretor financeiro Eduardo Takamori explicou que o valor registrado da fatia vendida era de R$ 1,6 bilhão, fazendo com que a empresa tenha ganho de capital de cerca de R$ 1,5 bilhão, antes de impostos. Depois disso, a estimativa é que o lucro da transação seja de cerca de R$ 1 bilhão.

Dividendos X Investimentos

Mesmo com o alívio no caixa, a Engie não deve retornar a distribuir 100% do lucro na forma de dividendos no curto prazo, devido aos investimentos expressivos previstos para os próximos anos, que somam R$ 14 bilhões, segundo Takamori. "Seria pouco razoável aumentar o 'payout' e fazer mais operações de alavancagem, a melhor solução é manter o dinheiro dentro de casa no momento", afirmou.

Considerando os investimentos projetados, que podem ser ainda maiores caso a empresa vença lotes no leilão de transmissão de março, a Engie Brasil Energia considera ainda emitir novas ações, assim como outras operações para levantar caixa, como emissão de dívida. 

De acordo com Takamori, a decisão pela venda da participação na TAG se mostrou a mais adequada neste momento, por agregar mais valor aos acionistas. "Mas o follow-on e outras alternativas de alavancagem podem entrar no radar no próximo ano, lembrando que temos compromissos importantes de investimento nos próximos dois a três anos", disse o direto financeiro.