Maha Energy adquire participação na 3R e propõe integração com PetroReconcavo

Maria Clara Machado

Autor

Maria Clara Machado

Publicado

18/Jan/2024 14:02 BRT

A Maha Energy comunicou a aquisição de 5% das ações da 3R Petroleum. A empresa já tinha participação de 15% do Polo Peroá e 9,4% do Campo Papa Terra, da subsidiária 3R Offshore. Agora, a Maha Energy passa a ter 5% do capital social da controladora 3R Petroleum.

Junto com o anúncio sobre a participação societária, a Maha Energy enviou uma carta com proposta de integração dos ativos onshore da 3R Petroleum com ativos da PetroReconcavo, que tem atividade exclusivamente onshore. A correspondência da Maha Energy à 3R Petroleum foi feita nesta quarta-feira, 17 de janeiro, e comunicada ao mercado hoje, 18 de janeiro.

Nesta quinta-feira, a PetroReconcavo enviou comunicado ao mercado informando que não recebeu qualquer proposta de combinação dos negócios com a 3R e que não há nenhuma negociação em andamento.

Em entrevista à MegaWhat em agosto de 2023, o head de Relações com Investidores da PetroReconcavo, Marcelo Cruvinel, disse que a empresa tinha interesse por novos M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês) e pretendia se tornar uma “consolidadora de onshore”.

Nesta manhã, até o fechamento da matéria, as ações da PetroReconcavo e da 3R Petroleum representavam as maiores altas no painel da B3. A PetroReconcavo teve alta na casa dos 17% e as ações da 3R Petroleum tiveram alta na casa de 14%.

O que propõe a Maha Energy

Na carta enviada à 3R Petroleum, a Maha Energy avalia que o mercado “não reconhece devidamente o valor da 3R Petroleum e da PetroReconcavo” e que há “enormes oportunidades a serem capturadas pelas empresas juntas”. A empresa sueca entende que o mercado brasileiro está maduro para uma segunda onda de M&A, orientada por otimização de portfolios e captura de sinergias.

Assim, a Maha Energy propõe um carveout das atividades da 3R Petroleum – ou seja, a separação dos ativos onshore e offshore para fusão de uma dessas divisões com outro parceiro. A sueca entende que a PetroReconcavo seria a “candidata natural” para integração dos ativos onshore.

No esquema proposto, cada empresa teria 50% das atividades onshore, e cada ação da 3R Petroleum corresponderia a uma ação da PetroReconcavo. A gestão dos ativos onshore continuaria sob a PetroReconcavo, com apoio das equipes da 3R.

As atividades offshore da 3R Petroleum seriam segregadas e continuariam negociadas na bolsa de valores.

A Maha Energy calcula que o portfolio combinado da 3R e PetroReconcavo seria de 458 milhões de barris em reserva 1P (provadas) e de 604 milhões de barris em reserva 2P (provadas + prováveis). Nesse cenário, a produção combinada em 2024 chegaria a 80 mil barris de óleo equivalente por dia, com potencial de receita de US$ 2,1 bilhões.

As sinergias enxergadas pela Maha Energy incluem a unificação de ativos e o compartilhamento de frotas, sondas e demais equipamentos. Isto proporcionaria redução de custos operacionais e melhor alocação de capital nos próximos processos de revitalização dos campos maduros. Atualmente, a PetroReconcavo atua em operação verticalizada, em que é dona de boa parte dos equipamentos e serviços utilizados em suas operações, o que evita custos com arrendamentos e pagamento de diárias.

No sentido inverso, a a Maha Energy menciona como outras vantagens da unificação o acesso a ativos da 3R Petroleum, como a refinaria Clara Camarão e a unidade de processamento de gás natural (UPGN) Guamaré. Atualmente, a PetroReconcavo utiliza essas estruturas, mas paga por isso.

Na avaliação da Maha Energy, a produção em maior escala possibilitaria acordos mais vantajosos para as produtoras, que atualmente “negociam com significativo desconto em relação ao benchmark da indústria”, e a unificação das atividades poderia “reduzir o lifting cost para a casa de um dígito”.

A Maha Energy propõe inclusive um cronograma para que a integração ocorra, com apresentação de um acordo à PetroReconcavo até o dia 28 de fevereiro. A aprovação dos termos entre as partes ocorreria até o final do segundo trimestre, para finalização da transação junto a credores e autoridades até o terceiro trimestre do ano.