Somando 2,7 GW de capacidade instalada contratada em ativos renováveis, a Serena Energia (antiga Omega Energia) estima que terá ganho de R$ 21,2 milhões após a mudança da regra sobre a intensificação do sinal locacional sobre a tarifa de transmissão.Em teleconferência sobre os resultados da Serena no terceiro trimestre do ano, Bernardo Bezerra, diretor de Inovação, Produtos e Regulatório da companhia, explicou que a diversificação geográfica da empresa vai compensar as perdas com a tarifa mais cara de complexos do Nordeste, com efeito final positivo.
“O impacto da mudança do sinal locacional é positivo para os ativos operacionais e em fase final de construção da Serena, porque temos um portfólio diversificado de ativos em todas as regiões brasileiras”, disse Bezerra.
A avaliação da Serena considera as mudanças nas tarifas de transmissão pagas pelos seus empreendimentos de geração no período de 2023 e 2055, montantes que foram trazidos a valor presente e resultaram no valor presente líquido de R$ 21,2 milhões.
O complexo de Chuí, localizado no Rio Grande do Sul, somou valor presente líquido de R$ 30,3 milhões, enquanto os do Sudeste/Centro Oeste totalizaram R$ 2,6 milhões, já os complexos da Bahia e Delta, no Nordeste, tiveram perdas de, respectivamente, R$ 8,5 milhões e R$ 3,2 milhões.
A mudança da regra do sinal locacional foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2022, com o intuito de aprimorar a alocação dos custos de quem mais onera a rede. Assim, as regiões Norte e Nordeste, que têm mais geração que consumo, tendem a ter tarifas mais baixas, ao mesmo tempo em que os geradores, que usam a transmissão para transportar essa energia para os centros de carga, pagam uma tarifa mais alta.
O contrário vale para o Sudeste e o Sul, onde os consumidores vão pagar mais pelo uso da energia vinda de outros submercados, mas os geradores tendem a ver uma redução na sua tarifa fio.
Atualmente, o Congresso discute um projeto de decreto legislativo (PDL) para revogar a resolução da agência, sob o argumento de que a mudança aumenta os custos da geração de energia, com impacto no custo final da energia negativo para os consumidores, independente da região do país. O texto foi aprovado na Câmara e está sendo discutido no Senado.
>> Decreto que revoga decisão da Aneel sobre sinal locacional avança no Senado
Reposicionamento
A fim de alcançar sua meta de atender 20 mil consumidores no mercado livre de energia até 2025, garantir seu espaço em geração distribuída e atender à crescente demanda por fontes renováveis, a Omega Energia anunciou o reposicionamento da carga e passou a se chamar Serena.
“Em conversa com clientes, colaboradores e fornecedores entendemos que éramos enxergados pelo mercado como uma empresa que atende grandes consumidores. Então, um dos objetivos da marca nova é aumentar nosso escopo e engajar a interação com pequenas e médias empresas, e, também, com clientes residenciais”, afirmou Antônio Bastos, fundador e presidente da Serena Energia, durante a teleconferência de resultados.
O reposicionamento busca viabilizar um crescimento anual, até dezembro de 2027, de 30% no lucro bruto da companhia no Brasil, incluindo GD e vendas diretas a residências. Além disso, a Serena será focada no fornecimento de renováveis para atender a demanda de veículos elétricos e da produção de hidrogênio e amônia verde.
Segundo Bastos, além do foco nacional, a nova marca visará sua expansão nos Estados Unidos, onde já existe uma companhia chamada Omega Energy – o que poderia causar confusão pelos consumidores.
Números do trimestre
A Serena apresentou um aumento de 132% no lucro líquido do terceiro trimestre deste ano, saltando dos R$ 44,2 milhões reportados em igual etapa do ano passado para R$ 102,5 milhões.
A receita líquida cresceu 29,6% na mesma comparação, saindo de R$ 667,9 milhões para R$ 865,8 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), cresceu 57%, para R$ 444,1 milhões, contra R$ 283,1 milhões reportados no mesmo trimestre do ano passado.
Segundo a companhia, os resultados foram afetados pela adição de novos ativos, estratégia de aumento de margens com novas transações, efeitos positivos da inflação nos PPAs do portfólio e uma combinação favorável de preços e geração de energia.
Perda de R$ 2 milhões
Na mesma base de comparação, a geração de energia da Serena cresceu 31% no período, chegando aos 2.547 GWh. A empresa teve perda de 38,7 GWh com curtailment, pelo desligamento forçado de máquinas, sendo cerca de 8 GWh ligados às medidas restritivas impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico após o apagão de 15 de agosto.
“Um ponto importante é que, quando analisamos a situação de oferta e demanda, é possível que a gente tenha alguns pequenos cortes, mas por conta de questões energéticas no sistema em dias de baixa demanda. Estamos projetando ainda uma manutenção de cortes baixos no nosso portfólio, com cortes imateriais”, destacou Bezerra.