O diretor de Processos Industriais da Petrobras, William França, disse que, entre os estudos da empresa para descarbonização, está o uso de fontes renováveis para a produção de hidrogênio utilizado no processo de hidrorrefino, que origina gasolina de baixa octanagem e diesel S10. Segundo França, hoje são utilizadas 500 mil toneladas de hidrogênio cinza (feito a partir de gás natural) por ano neste processo.
“Nossa ideia é estudar a troca, no todo ou em parte, dessa produção de hidrogênio que hoje é via gás natural, por produção verde de biomassa, biometano ou eletrólise. Estamos conversando com várias empresas nacionais e internacionais que tem essa tecnologia, estamos evoluindo nesse sentido” disse França nesta sexta-feira, 10 de novembro, em teleconferência com acionistas a respeito dos resultados do terceiro trimestre da Petrobras.
O diretor também comentou acordo de confidencialidade (NDA, da sigla em inglês non diclosure agreement) assinado com a Unigel. “Temos um NDA assinado com a Unigel e Proquigel para produção de amônia verde através da eletrólise no reator da Fafen [fábrica de fertilizantes] Bahia”. A Proquigel é subsidiária do grupo Unigel. Em junho deste ano, a Petrobras comunicou que assinou acordo com a Unigel para negócios em fertilizantes, hidrogênio verde e projetos de baixo carbono.
Usinas solares em refinarias poderão exportar energia
França também revelou que a Petrobras estuda trocar a energia utilizada em suas refinarias por meio da instalação de placas solares fotovoltaicas. Segundo o diretor, são avaliadas para o projeto as refinarias de Paulínia (Replan), Abreu e Lima (Rnest), Henrique Lage (Revap), além da Gabriel Passos (Regap), que teve o plano de instalação de usina solar anunciado em outubro pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates.
Na teleconferência com acionistas, o diretor William França deu mais detalhes do projeto na Regap. Segundo ele, inicialmente seriam instalados 11 MW em capacidade solar, mas a potência poderia chegar a 80 MW. A primeira fase ocorreria no primeiro semestre de 2025, caso o projeto seja aprovado.
“Para ter uma ideia, a Regap consome 50 MW e nossa proposta é 80 MW de produção. Então nós vamos no saldo exportar energia”, disse, ponderando questões como sazonalidade e intermitência da fonte solar.
Projetos de geração renovável seguem no radar
Na teleconferência, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, reforçou que a empresa tem interesse em projetos de energia renovável que possam “adicionar rapidamente ume energia renovável no portfólio” ao mesmo tempo em que traga fluxo de caixa.
A afirmação vem em meio a rumores que circulam no mercado de que os valores planejados para fontes renováveis no plano de negócios 2024 – 2028 seriam altos demais e estariam comprometendo a aprovação do documento.
Tolmasquim disse na teleconferência que a Petrobras olha “principalmente” para projetos em desenvolvimento, mas não descarta a parceria em usinas já em operação. “Claro que quanto menos maduro está o projeto, o tempo de construção é maior, mas o upside é maior também. Nossa ideia é um equilíbrio entre projetos operando, prontos para iniciar a construção e também em desenvolvimento”. Nesta última categoria, o diretor mencionou desde iniciativas que já têm licenciamento ambiental e conexão emitidos até projetos em fases mais iniciais.
Possibilidade de acordos em decisões do Carf
A diretoria da Petrobras também foi perguntada a respeito das decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que podem levar a Petrobras a pagar cerca de R$ 7 bilhões em impostos.
Na teleconferência, o diretor Financeiro da companhia, Sergio Caetano Leite avaliou tais eventos como “normais” e disse que não há valores definitivos nestas questões. “A Petrobras paga tributos em diversas esferas. O sistema tributário nacional tem muitas leis, normas, e provoca numa empresa do tamanho da Petrobras algumas discordâncias. É prática histórica da Petrobras estar em contato com as fazendas e tentar resolver esse tipo de situação”, disse Leite.
Segundo o diretor, o Carf “não é supralegal” e às suas decisões cabe recurso. “Em casos de eventuais litígios, a Petrobras analisa a possibilidade de cumprir suas obrigações com maior economicidade. É nesse campo da vantajosidade econômico-financeira que a Petrobras analisa se aceita [as decisões] ou se propõe acordo”.
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