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Com M&A na 'mesa', Raízen prevê novos desinvestimentos em usinas de GD

Após vender 31 usinas de geração distribuída para a Élis Energia, a Raízen prevê novos desinvestimentos no médio e longo prazo. Segundo Ricardo Mussa, CEO da companhia, conversas sobre fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) já estão “na mesa”, e as vendas podem ajudar a reduzir taxas de juros e dívida, aumentando o fluxo de caixa.

Com M&A na 'mesa', Raízen prevê novos desinvestimentos em usinas de GD

Após vender 31 usinas de geração distribuída para a Élis Energia, a Raízen prevê novos desinvestimentos no médio e longo prazo. Segundo Ricardo Mussa, CEO da companhia, conversas sobre fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) já estão “na mesa”, e as vendas podem ajudar a reduzir taxas de juros e dívida, aumentando o fluxo de caixa.

“Nós investimos muito e ainda vamos fazer mais. Mas, quando pegamos nossos ativos de geração de energia elétrica não vemos como ativos estratégicos. Nossa estratégia está em ter mais clientes. No setor de geração distribuída, por exemplo, colocamos os projetos ‘de pé’, corremos o risco da execução, achamos o cliente e quando a construção termina, o ativo está pronto para ser reciclado”, disse Mussa em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 15 de maio, sobre os resultados da companhia do quarto trimestre do ano-safra 2023-2024.

Também na coletiva, Carlos Moura, diretor financeiro da Raízen, afirmou que a estrutura de capital da companhia está “confortável”, com prazo de dívida de quase sete anos, dando margem para que a empresa não venda seus ativos “a qualquer preço”.  

Além dos projetos de geração distribuída, Mussa destacou que a reciclagem do portfólio ocorrerá por meio de outros ativos marginais, levantando recursos para renováveis, etanol de segunda geração (E2G), entre outros. 

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A venda das usinas solares para a Élis Energia, empresa controlada pelo fundo Pátria Investimentos, foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta semana. O valor da operação não foi divulgado.

Ao órgão antitruste, a Élis Energia informou que a compra representa uma oportunidade de expansão dos negócios na geração distribuída de energia elétrica no Brasil, enquanto a Raízen vê na operação uma oportunidade financeira e comercial, na medida em que possibilita o retorno financeiro dos investimentos feitos em determinados empreendimentos de geração distribuída.

Na coletiva, Mussa ainda destacou que o mercado pode esperar vendas semelhantes nesta direção.

Investimento

A Raízen projeta investir entre R$ 10,5 bilhões e R$ 11,5 bilhões na safra de 2024 e 2025, iniciada em 1° de abril deste ano e que se encerra em 31 de março 2025, abaixo dos R$ 12,6 bilhões investidos na safra passada.

“Parte dos investimentos passados não tinham gerado caixa e estão começando a gerar agora. Os resultados começaram a crescer mais e os investimentos devem reduzir. Vamos gerar caixa para abater a dívida e reduzir o pagamento de juros. Plantamos nos últimos três anos e vamos colher agora”, falou Mussa sobre o assunto.

O valor será usado para a manutenção do patamar dos investimentos recorrentes em canaviais, composto pela redução da área de plantio e trato, em consonância com o estágio atual da jornada de recuperação da produtividade agrícola, que pode ajudar a absorver os efeitos inflacionários.

O montante também será aplicado na revisão do faseamento dos investimentos voltados para expansão, principalmente nas plantas de E2G, bem como na conclusão da planta de biogás no Parque de Bioenergia Costa Pinto.

>> Raízen planeja 20 usinas de etanol de segunda geração até 2030.

“Até o final da temporada teremos quatro plantas operacionais produzindo e vendendo mais de 80 milhões de litros de etanol celulósico, alta de 122% na comparação ano a ano”, disse Carlos Moura, diretor financeiro da companhia.

Em mobilidade, o foco estará na renovação e expansão de contratos da rede e na ampliação e otimização da infraestrutura logística, além da conclusão de investimentos já programados em sua refinaria na Argentina.

“Estamos considerando um novo nível de rentabilidade no Brasil, com margens em torno de R$ 150/m³ para os combustíveis. Também vamos nos concentrar em sustentar nossas operações na América Latina”, destacou Moura.

Resultados

No quarto trimestre do ano-safra 2023-2024, período entre 1° de janeiro e 31 de março, a Raízen reverteu o lucro registrado em igual etapa da safra anterior, de R$ 2,5 bilhões, e registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 178 milhões.

Segundo a empresa, o resultado foi impactado pelo desempenho operacional, aumento nas despesas financeiras e com as atividades de corte, carregamento e transporte, devido à extensão dos dias de safra, e impostos (efeito contábil).

A receita líquida do período contabilizou queda de 2,3%, a R$ 53,6 bilhões. Já a receita operacional líquida foi de R$ 12,8 bilhões, alta de 2,7%. O segmento de renováveis, que inclui etanol, energia elétrica e outras receitas, teve redução de 22,1% na receita operacional líquida, a R$ 5,1 bilhões.

De acordo com a empresa, os preços do etanol no período foram pressionados pela maior oferta de etanol de cana-de-açúcar e de milho, e pela disparidade entre os preços da gasolina e do etanol no varejo, visto o fim da paridade de preços de combustíveis com o mercado internacional pela Petrobras.  

A venda de energia pela Raízen Power somou 7.645 MWh, alta de 45,8%, ao preço médio de R$ 190/MWh. O valor da comercialização de energia ficou 44,8% abaixo do registrado na comparação anual.

Uma redução de 37,7% também foi registrada no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que alcançou R$ 3,6 bilhões no período.

A dívida líquida da companhia fechou em R$ 19,1 bilhões, redução de 5,9%. Já a alavancagem encerrou o trimestre em 1,3 vez, ficando estável em relação ao período homólogo. A alavancagem é medida pela relação dívida e Ebitda, através dela é possível traçar o grau de endividamento da empresa frente ao período necessário de geração de caixa para pagamento da dívida.