O desequilíbrio econômico-financeiro da Amazonas Energia é anterior à privatização da Amazonas Energia e decorre de um balanço equivocado da Eletrobras, então detentora da concessão, sobre a dívida da empresa. A informação foi passada por Márcio Zimmermann, presidente da distribuidora que hoje é controlada pelo grupo Oliveira Energia.
Zimmermann participou de coletiva de imprensa em Manaus para prestar esclarecimentos sobre o fornecimento do serviço de energia após a negativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o plano de transferência de controle societário para o grupo Green Energy e a possibilidade de intervenção.
“A dívida é oriunda de um processo complexo ocorrido durante o leilão. A informação que se tinha, na época, era de que a dívida era de R$ 2,6 bilhões e, no momento que o novo concessionário assina, a Eletrobras pública o balanço da Amazonas Energia e a dívida passa para R$ 7,6 bilhões. A classificação da dívida estava colocada de forma inadequada”, explicou o presidente da Amazonas Energia.
Segundo Zimmermann, encontrar uma nova empresa para assumir a administração da Amazonas Energia, que opera em uma área maior do que vários estados brasileiros juntos, não será tarefa fácil diante da complexidade logística e socioeconômica da concessão.
Enquanto isso, o presidente da distribuidora esclareceu que não haverá o risco de desabastecimento de energia elétrica e que as operações de distribuição serão executadas normalmente.
Outro ponto abordado na coletiva foram as perdas não técnicas e que estão entre as principais dificuldades para manutenção do equilíbrio entre a receita e a despesa. O furto de energia faz com que a empresa não fature mais de R$ 500 milhões ao ano, enquanto o estado deixa de arrecadar por volta de R$ 400 milhões.
O presidente enfatizou que a empresa tentou reverter este quadro com a instalação do Sistema de Medição Centralizado (SMC), mas que não obteve apoio neste sentido.
“Este sistema funciona plenamente em 21 estados brasileiros. Em Manaus, nos poucos lugares em que conseguimos implantar, a perda baixou de 38% para 6% ou 7%. Uma campanha forte contra estes equipamentos não nos permitiu continuar o trabalho. No final, todos perdem”, lamentou Zimmermann.
Leilão
O Consórcio Oliveira Energia – Atem arrematou a Amazonas Energia em leilão realizado em novembro de 2018, sendo o único a apresentar proposta de compra da distribuidora. O grupo ficou com a obrigatoriedade de aportar capital de R$ 491,3 milhões e investir R$ 2,8 bilhões em cinco anos.
Como não houve deságio na flexibilização tarifária dos ajustes de custos operacionais, o valor da rubrica foi mantido até a primeira revisão tarifária da companhia, fixado para maio de 2024, além de outros pontos, como a trajetória de perdas até 2025 e manutenção dos reembolsos da CCC sem a aplicação dos parâmetros de eficiência econômica e energética até abril de 2024.
A concessão foi assumida em abril de 2019, e nos dois anos seguintes, foi realizado o monitoramento da qualidade do serviço prestado e da situação econômica e financeira. Após o período a distribuidora não conseguiu restabelecer os indicadores econômico-financeiros e foi então pactuado um plano de resultados com a Aneel para que a empresa alcançasse os índices.
Márcio Zimmermann
O ex-ministro de Minas e Energia Márcio Zimmermann foi nomeado presidente das distribuidoras Amazonas Energia e Roraima Energia, pertencentes ao grupo Oliveira Energia, em julho de 2021.
Engenheiro elétrico de formação, Zimmermann também foi secretário-executivo de Minas e Energia, presidente da Eletrosul e funcionário de carreira da subsidiária da Eletrobras.