Opinião da Comunidade

Caroline Sgambato e Mariana Iizuka escrevem: Vamos conversar? Precisamos de mais mães nas equipes!

Por: Caroline Sgambato e Mariana Iizuka* Não distante de outros segmentos, o mercado de energia já avançou quanto a presença feminina nos quadros de funcionários. Ainda mais quando se pensa em todas as iniciativas atreladas à vinculação das empresas ao ‘Pacto Global da ONU’, em que a equidade de gênero é uma das pautas mais relevantes a ser enfrentada. Mas ainda há passos bem importantes que precisam ser feitos nesse mesmo sentindo: presença de mães nas equipes.

Caroline Sgambato e Mariana Iizuka escrevem: Vamos conversar? Precisamos de mais mães nas equipes!

Por: Caroline Sgambato e Mariana Iizuka*

Não distante de outros segmentos, o mercado de energia já avançou quanto a presença feminina nos quadros de funcionários. Ainda mais quando se pensa em todas as iniciativas atreladas à vinculação das empresas ao ‘Pacto Global da ONU’, em que a equidade de gênero é uma das pautas mais relevantes a ser enfrentada. Mas ainda há passos bem importantes que precisam ser feitos nesse mesmo sentindo: presença de mães nas equipes.

Desde o início da nossa carreira no setor de energia, já pertencemos a áreas com gestoras mulheres, pares mulheres, mas sempre sem filhos. Entendemos que nos tempos atuais, a maternidade está sendo adiada cada vez mais, mas ainda assim entendemos que há uma barreira de entrada para que mulheres com filhos estejam ocupando cargos de mais relevância. São raros os casos como da Josiane Palomino, que embarcou como CEO da ‘Sou Vagalume’ grávida e posteriormente migrou para diretoria de Novos Negócios na ‘Comerc’ com dois filhos, sendo o caçula praticamente recém-nascido.

Um dos principais empecilhos para que as mães não se sintam confortáveis em se desafiar em novos cargos é a sobrecarga trazida pelo acúmulo de atividades profissionais e domésticas. Mesmo com parceiros (as) que se propõem a dividir as responsabilidades, dificilmente conseguimos alcançar 50% e 50% na divisão de tarefas. Há uma série de coisas invisíveis que fica a cargo da mulher fazer: rotina com pediatra, gestão da rede de apoio, necessidade de compras de mercado, farmácia e muito mais.

Diante desse fato, as mulheres se questionam quando se deparam com oportunidades de crescimento na carreira, se perguntam se é viável embarcar em novos desafios profissionais quando se tem tantos dentro de casa. Precisamos ser encorajadas a almejar cargos maiores. Segundo uma pesquisa encomendada pela Microsoft, após a chegada dos filhos, as mulheres melhoram e muito o seu desempenho profissional. Isso se dá em função das novas habilidades adquiridas com a maternidade, como a gestão do tempo e a gestão emocional, além da capacidade de negociação, e a ampliação do modelo mental para resoluções e imprevistos.

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Outro ponto relevante a ser discutido é sobre a nova rotina que se impõe com a chegada dos filhos: as mães precisam se readequar e fazer uma melhor gestão do seu tempo, sendo até mais produtiva no trabalho. Mesmo porque o conceito de produtividade está relacionado à qualidade do trabalho executado e não ficar muitas horas trabalhando. O ponto crucial, o qual propomos uma reflexão, é: quanto as empresas estão preparadas para valorizarem as mães que são produtivas dentro da sua carga horária de trabalho? O colaborador que se estende no horário ainda é visto como mais produtivo?

Um dos poucos benefícios trazido pela pandemia da covid-19 foi a adoção por parte de muitas empresas do regime híbrido, adotado por 56% das empresas no Brasil, de acordo com um estudo feito pelo Google Workplace em parceria com a consultoria IDC Brasil, divulgado no final do ano passado. Essa forma de trabalho favorece a gestão da rotina doméstica com a rotina profissional, pois além de conseguirmos encaixar melhor eventos externos (como por exemplo a ida ao posto de saúde), não precisamos gastar mais tanto tempo em deslocamentos até o trabalho, ainda mais em uma cidade como São Paulo.

E tudo isso que estamos relatando aqui seria mais fácil de ser compreendido e adotado caso tivéssemos mais líderes mães. Políticas de acolhimentos as mães são mais efetivas quando as gestoras são mães também, já que estará intrínseco naquela gestora a sensibilidade de todos esses aspectos trazidos até aqui, e isso permitiria que mais mães dessem continuidade à vida profissional que muitas vezes é interrompida pela maternidade.

Líderes mães conseguem ser um agente disseminador do acolhimento para outras mães dentro da equipe. Portanto, além de ser justo para nós mulheres ocuparmos esses lugares, serviremos de exemplos a tantas outras mulheres que estão em idade fértil e não se sentem seguras profissionalmente em ser mães.

Caroline Sgambato é analista Regulatório Sênior na SPIC Brasil, mãe da Donatella e da Sienna, e Mariana Iizuka, é analista de Modelos e Estudos Energéticos Sênior na CCEE, mãe da Clarissa

Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação.

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.

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